Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro visitaram hoje a Bolsa de Turismo de Lisboa -- o Presidente chegou antes do meio-dia e o líder social-democrata uma hora mais tarde -, mas o cruzamento acabou por acontecer na zona dedicada à região do Porto.
As perguntas dos muitos jornalistas centraram-se no jantar que juntou na segunda-feira o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, no Grémio Literário, na comemoração dos dez anos do Senado, mas hoje nem Marcelo nem Montenegro quiseram prolongar o tema.
De acordo com o Expresso, na segunda-feira, o antigo líder do PSD apontou a falta de um desígnio para o país, mencionou o seu "horizonte político," e o chefe de Estado, que discursou depois, assinalou que "vale a pena fixar este dia", em que Passos Coelho "definiu a sua vida política e pessoal, falando do futuro".
Hoje, questionado se tinha falado com Luís Montenegro sobre este tema, o chefe de Estado respondeu: "Falamos sempre, mas não dizemos à comunicação social".
"Quase dia sim, dia sim", acrescentou Montenegro.
"Eu não conto as conversas que tenho aqui com o presidente", disse Marcelo, o que Montenegro confirmou: "E eu muito menos".
Mais tarde, já em declarações aos jornalistas sem o Presidente da República por perto, Montenegro voltou a ser questionado como veria um eventual regresso de Passos Coelho à política.
"Não posso fazer leituras do que vai no pensamento de Pedro Passos Coelho, acho que ele é um ativo extraordinário do país, que o país não deve desaproveitar seja em que circunstância for: na sua vida académica, seja em representação de Portugal, seja na política ativa", disse.
"Se Pedro Passos Coelho regressar à política ativa será sempre motivo de satisfação do PSD e da minha satisfação particular", disse, salientando que se tal acontecesse seria positivo para o partido, "e sobretudo para o país".
Montenegro assegurou que não mudará de opinião "sejam as circunstâncias quais forem" e disse mesmo que "estará ao lado" de Passos Coelho se o antigo primeiro-ministro voltar à vida pública.
"Eu não tenho receio de nada nem de ninguém", disse, quando questionado se esteve eventual regresso não ensombra a sua liderança, e frisou que nos poucos mais de seis meses em que lidera o PSD, o partido "está a disputar a liderança política de Portugal".
O presidente do PSD recusou-se a comentar quaisquer considerações do Presidente da República -- "ele também não comenta as minhas" -- e salientou a relação de grande proximidade que existe entre si e Marcelo Rebelo de Sousa dentro "das tarefas que cabem a cada um".
"A mim cabe-me hoje ser líder da oposição, gerir o PSD e ser primeiro-ministro amanhã, se os portugueses quiserem", afirmou, dizendo ter todo o "respeito e espírito de colaboração" com a forma como Marcelo Rebelo de Sousa exerce as funções presidenciais.
Questionado se, nas conversas frequentes entre ambos, falaram sobre Pedro Passos Coelho, Montenegro não respondeu diretamente: "Falamos sobre muitos temas, falamos sobre tudo aquilo que importa ao país e à função que cada um desempenha".
Já à pergunta se tem falado com Pedro Passos Coelho, respondeu afirmativamente: "Sim, temos falado de vez em quando".
Montenegro visitou hoje a Bolsa de Turismo de Lisboa, começando pelos 'stands' dos Açores, onde se encontrava o presidente do Governo Regional José Manuel Bolieiro, e da Madeira, também com a presença do líder do Governo Miguel Albuquerque.
O líder provou um queijo açoriano, brindou com vinho de Arcos de Valdevez e, à entrada, foi abordado por alguns manifestantes do setor do Alojamento Local que se concentram hoje à tarde na FIL num protesto contra as medidas do Governo para este setor.
"Nós temos a nossa porta aberta para podermos conversar, se calhar desta vez estamos muito em coincidência de opiniões. O alojamento local e os vistos 'gold' são importantes para o país, para a economia, para o turismo, para o emprego e para as revitalizações das cidades", defendeu Montenegro.
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