Alexandra Leitão, ex-ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, comentou a conferência de imprensa de sexta-feira da Conferência Episcopal Portuguesa, considerando que "os resultados chegam a ser insultuosos" quer para as vítimas, quer para a Comissão Independente (CI) que faz o estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal.
A ex-governante começou por dizer que sentiu "indignação e revolta" ao ouvir a conferência de imprensa de sexta-feira da Conferência Episcopal Portuguesa, que considera ter tido um "tom burocrático e pouco empático".
Alexandra Leitão deixou críticas à Igreja Católica que decidiu "não afastar as pessoas que estão indicadas naquela lista e que resultam de denúncias que a CI considerou credíveis", assim como "entende que não se deve responsabilizar pela reparação dos danos" causados às pessoas abusadas sexualmente às mãos de membros da Igreja.
"Há aqui uma situação de encobrimento que é em si autónoma da própria responsabilidade objetiva e pode apontar para a responsabilidade subjetiva. De facto, foi um mau momento para a Igreja, para a hierarquia que encobriu. Podia ser um momento de viragem para a Igreja, não foi, não só não deu dois passos em frente, como deu dois passos atrás, acho que revitimizou aquelas vítimas", afirmou no seu espaço de comentário na CNN Portugal.
"Isto é uma machadada grande sobretudo para a sociedade em geral, para os católicos e a prova de que a Igreja portuguesa não está em linha com o que outras igrejas de outros países fizeram", concluiu.
De recordar que a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reagiu, na sexta-feira, ao relatório sobre os abusos na Igreja, agradecendo às vítimas que deram o testemunho e pedindo a quem ainda não denunciou, que o faça.
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