Saída de Luís Rodrigues da SATA para a TAP preocupa partidos nos Açores

A maioria dos oito partidos com assento parlamentar na Assembleia Legislativa dos Açores, manifestou hoje preocupação com a saída do presidente do Conselho de Administração da SATA, Luís Rodrigues, para a TAP.

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Lusa
07/03/2023 13:41 ‧ 07/03/2023 por Lusa

Política

TAP

Os deputados do PS, PSD, CDS, PPM, BE, CH, IL e PAN reuniram-se com o secretário regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública, Duarte Freitas, e com a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas (que tutelam a companhia aérea açoriana), na sede do parlamento, na Horta, para apresentar o caderno de encargos da privatização da Azores Airlines, mas à saída da reunião, os partidos estavam mais preocupados com as mudanças no Conselho de Administração da SATA.

"Este negócio fica completamente ferido, à partida, devido a essa demissão, e para o maior concorrente da SATA e com as nossas rotas, que a TAP já estaria a querer retirar. Este é o maior problema. O Governo da República tirou, totalmente, a estabilidade que a SATA estava a ter, ainda por cima, numa altura de alienação da companhia", lamentou Pedro Neves, do PAN.

Também José Pacheco, do Chega, considera que o Governo da República se portou como um "mercenário", ao ter convidado o presidente da SATA para chefiar a TAP numa altura crucial para o futuro da companhia área açoriana.

"Estamos preocupados com os acontecimentos dos últimos dias e com a ingerência do próprio Governo da República na SATA. O Chega fica bastante preocupado que tenhamos mercenários à frente deste processo, que hoje está cá e amanhã está noutro sítio, especialmente estando numa companhia concorrente", disse.

Já Paulo Estêvão, do PPM, acusa mesmo o Governo da República de "traição".

"Isto é uma deslealdade absoluta. Demonstra que o Governo do PS está a tentar destruir o governo da região. É uma traição do Governo de António Costa aos interesses dos Açores", afirmou.

Rui Martins, do CDS, diz que espera que Luís Rodrigues, o nome escolhido pelo Governo da República para substituir a presidente do Conselho de Administração da TAP, saiba "separar as águas" quando assumir as novas funções.

"Era uma pessoa que estava dentro do processo, desde o início, o que esperamos agora é que haja consciência e ética e que não haja uma canibalização por parte da TAP daquilo que são as mais valias desta empresa. Espero que Luis Rodrigues saiba destrinçar e distinguir aquele que era o seu papel na SATA e aquilo que irá desempenhar na TAP", observou.

Nuno Barata, da Iniciativa Liberal, entende que o mais importante agora é avançar com a privatização.

"O que é importante neste momento é que a empresa seja alienada o mais depressa possível, pelo melhor valor possível, que até pode ser zero euros. É o valor que o comprador assumirá de dívida, que quanto maior for, melhor para a região autónoma dos Açores. A Região não tem condições de suportar uma companhia que, quanto mais trabalha, mais dívidas acumula", sustentou.

António Lima, do BE, teme que este negócio de privatização da maioria do capital social da Azores Airlines, venha a revelar-se "ruinoso" para os cofres da região.

"Vimos como, na TAP, os compradores pagaram a empresa com o próprio dinheiro da TAP e preocupa-nos que o mesmo possa acontecer com a SATA. Não está definido no caderno de encargos quem fica com a dívida que a SATA Internacional tem à SATA Açores, de 285 milhões de euros. Esse parece-nos um negócio ruinoso", alertou.

Receios que são partilhados também por Carlos Silva, do PS, que lamenta a falta de transparência que tem existido no processo de alienação.

"A manutenção dos postos de trabalho não fica salvaguardada neste processo. Aliás, o documento que tivemos acesso, prevê que, ao fim de dois anos, possam ser feitos despedimentos coletivos e que possa ser efetuada a extinção de postos de trabalho, além de não existir nenhuma garantia de manutenção das rotas não liberalizadas", vincou.

João Bruto da Costa, da bancada do PSD, não tem dúvidas de que o Governo de coligação (PSD, CDS-PP e PPM) vai "salvar" a SATA e resolver os problemas que, no seu entender, foram gerados pelos sucessivos governos socialistas.

"Mais importante que as pessoas e que os protagonistas, é salvar a empresa, daquilo que foram os desmandos do PS. Talvez por isso, vieram buscar o mesmo administrador, para tentar salva a TAP e isso para nós é que é relevante", sublinhou.

À saída da reunião, os membros do Governo não quiseram prestar declarações aos jornalistas, uma vez que estava convocada, para a mesma hora, uma conferência de imprensa do executivo para apresentar as linhas gerais do caderno de encargos de privatização da Azores Airlines.

Em junho, a Comissão Europeia aprovou uma ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação da companhia aérea de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias estatais, prevendo 'remédios' como uma reorganização da estrutura e o desinvestimento de uma participação de controlo (51%) na Azores Airlines.

A Azores Airlines opera de e para fora do arquipélago, enquanto a SATA Air Açores efetua ligações interilhas.

Leia Também: Governo dos Açores admite privatizar até 85% da SATA Azores Airlines

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