"É normal que haja uma sessão solene com um presidente de Estado. Quando fomos confrontados com essa questão, o que dissemos é que não seria positivo coincidir com a sessão solene do 25 de Abril e que seria melhor encontrar uma outra sessão para o efeito. O desfecho final foi esse e ainda bem que foi esse. Acho que é preferível e não diminui nem a sessão solene dedicada ao presidente Lula nem diminui a sessão solene dedicada ao 25 de Abril", afirmou Paulo Raimundo.
O secretário-geral do PCP, que falava aos jornalistas à margem de um almoço comemorativo da Revolução de Abril, destacou ainda que o presidente brasileiro, Lula da Silva, é "muito bem-vindo" e será "bem recebido" em Portugal.
Questionado sobre as manifestações convocadas contra a presença de Lula da Silva, Paulo Raimundo disse desconhecer, assinalando apenas que as mesmas só serão possíveis "porque houve o 25 de Abril".
A presença no parlamento do Presidente do Brasil -- que visita Portugal entre 22 e 25 de abril -- tem estado envolta em polémica desde que, em fevereiro, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, falou explicitamente num discurso de Lula da Silva na sessão solene da Revolução de Abril na Assembleia da República, assinalando o seu caráter inédito, o que mereceu a oposição de PSD, IL e Chega.
O parlamento acabou por decidir que, em vez de uma intervenção do Presidente do Brasil na sessão solene anual comemorativa, realizará, no mesmo dia, uma sessão de boas-vindas à parte durante a visita de Estado de Lula da Silva a Portugal.
Num almoço que reuniu centenas de militantes do partido em Vila do Conde (distrito do Porto), o secretário-geral do PCP defendeu ser preciso "abrir outra perspetiva para o desenvolvimento do país" e "romper com uma política que invoca ora a pandemia, ora a guerra, para iludir e disfarçar as verdadeiras causas que estão na origem dos problemas".
Paulo Raimundo criticou ainda a "política de direita que põe em causa" a saúde, educação, habitação e os bens essenciais, bem como os que querem "reescrever a história" e pôr "a Revolução lá para trás".
"Não admira que ataquem Abril e a Constituição. Não admira que ainda tenham contas a ajustar com novas revisões do texto fundamental da democracia portuguesa. Não admira que queiram reescrever a história. Não admira que queiram pôr a Revolução lá para trás e que nos queiram convencer que é coisa do passado, ultrapassada e enterrada", referiu, dizendo ser preciso "enterrar de vez a política de direita" e a "política do 'vira o disco e toca o mesmo'".
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