O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, considerou esta sexta-feira que o "Parlamento não pode ficar indiferente" à recente polémica que está a envolver o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o seu ex-adjunto, entretanto exonerado, Frederico Pinheiro. E questionou, ainda, a viabilidade da continuação de Galamba no cargo que ocupa.
"Existe um computador que, aparentemente, terá informação relevante (...), até para avaliar algumas das informações dadas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP, se são verdadeiras ou falsas. E existem acusações, dentro de um Ministério, sobre um ministro poder estar a faltar à verdade à Comissão Parlamentar de Inquérito", começou por argumentar o bloquista.
Perante estes factos, o Bloco de Esquerda considera ser "urgente ter respostas a todas estas questões".
Na ótica do partido, elaborou Pedro Filipe Soares, "se há um ministro que, deliberadamente, tentou mentir a uma Comissão de Inquérito, não pode continuar como ministro". E acrescentou: "Se há acusações de que o ministro quis faltar à verdade (...), essas acusações têm de ter uma resposta clara e inequívoca por parte do Governo".
O líder parlamentar do Bloco de Esquerda apontou ainda que se o partido já achava "que João Galamba devia dar explicações sobre o estado atual da TAP, ele agora (...) deve também dar explicações sobre o estado atual do Ministério das Infraestruturas, que lidera".
"Isto porque nos parece que este caso é demasiado grave para se deixar que passe na espuma dos dias", concluiu o bloquista, defendendo ainda que o "Governo não pode fugir às suas responsabilidades" e que "um ministro não pode ter a intenção de mentir numa Comissão Parlamentar de Inquérito".
Pedro Filipe Soares pede, assim, a João Galamba e a António Costa, o primeiro-ministro, para darem "respostas, em nome da democracia e da verdade".
O que está em causa?
As declarações de Pedro Filipe Soares surgem depois de Frederico Pinheiro, o ex-adjunto do gabinete do ministro das Infraestruturas, ter acusado João Galamba de querer mentir à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da TAP. Em causa estão as notas de uma "reunião preparatória” entre o Ministério das Infraestruturas, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista (GPPS) e a ex-CEO da transportadora aérea, Christine Ourmières-Widener, deu conta o próprio em comunicado.
Estas notas "resumiam o que tinha sido abordado nas reuniões” com a ex-CEO da TAP, "tendo ficado claro que, naquela reunião de 17 de janeiro tinham sido articuladas perguntas a serem efetuadas pelo GPPS e tinham sido referidas as respostas e a estratégia comunicacional da CEO da TAP”.
Já na segunda-feira, dia 24 de abril, Frederico Pinheiro foi informado pela técnica Cátia Rosas que o gabinete do ministro iria responder à Comissão Parlamentar de Inquérito que “não existiam notas da reunião”.
Esta informação surgiu após ter sido noticiada, esta sexta-feira, a exoneração de Frederico Pinheiro do cargo de adjunto do gabinete do ministro das Infraestruturas, por ter adotado "comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades inerentes ao exercício das suas funções num gabinete ministerial", conforme a informação avançada pelo gabinete de João Galamba à agência Lusa.
O Governo avançou ainda com uma queixa-crime contra Frederico Pinheiro, pelo facto de ter levado dois computadores do Estado para casa, reporta a CNN Portugal. Um deles continha, inclusive, informação classificada.
Espera-se ainda a divulgação, durante este dia, de um comunicado oficial do Ministério das Infraestruturas sobre esta temática.
[Notícia atualizada às 18h27]
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