Os partidos reagiam no parlamento ao anúncio do primeiro-ministro, António Costa, de que não aceita o pedido de demissão de João Galamba do cargo de ministro das Infraestruturas, posição que já mereceu a discordância por parte do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota oficial.
"Todos nós fomos apanhados de surpresa relativamente à não aceitação do pedido de demissão e vemos, com alguma preocupação, o impacto que possa ter na credibilidade das instituições e do poder político", defendeu a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real.
A líder do PAN considerou que o país não pode continuar "refém deste braço de ferro que se veio a colocar em cima da mesa entre primeiro-ministro e Presidente da República".
No entanto, questionada se a melhor solução seria Marcelo Rebelo de Sousa dissolver o parlamento ou demitir o Governo, Sousa Real disse querer aguardar por uma reação mais profunda do chefe de Estado, além do comunicado já emitido.
"O que o PAN tem apelado é que se encontrem soluções, por exemplo, o primeiro-ministro ser convidado a reformular o Governo de forma mais profunda. Não nos parece que os portugueses queiram uma nova eleição, mas se o Presidente da República decidir dissolver, o PAN cá estará pronto para as soluções", disse.
Na mesma linha, o deputado único do Livre, Rui Tavares, considerou que a dissolução do parlamento "não seria bom para o país", embora esteja convicto de que, com novas eleições, o partido ganharia um grupo parlamentar, apontando que o seu interesse imediato "está certamente em último lugar na lista de prioridades".
Quanto à discórdia entre o primeiro-ministro e o Presidente da República, Rui Tavares admitiu pensar que não é bom para o país. "Penso que o país devia ter um ponto de viragem para um tipo de governação mais aberta" e "transparente", com mais participação na Assembleia da República.
Quanto ao incidente no Ministério das Infraestruturas relatado por João Galamba no sábado, que envolveu agressões a assessoras e chefe de gabinete e o roubo de um computador, Rui Tavares disse que "são efeitos de uma falta de coordenação política ao nível do Governo", em que António Costa é o "último responsável".
"Uma orquestra tem mais harmonia ou menos harmonia dependendo do diretor de orquestra", apontou.
Leia Também: Galamba mantém-se com o apoio de Costa, apesar da discordância de Marcelo