O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, colocou um ponto final à polémica que tem agitado o Governo de António Costa, vincando que não tenciona voltar a falar sobre o caso que envolve o ministro das Infraestruturas, João Galamba, cuja demissão foi recusada pelo primeiro-ministro.
"Não tenciono voltar ao tema, não apenas por estar no estrangeiro, mas falei há três dias e aquilo que disse, disse. Não tenciono estar a comentar o que os comentadores dizem daquilo que disse", começou por dizer o responsável, em declarações à imprensa, na Embaixada de Portugal em Londres.
Apesar da insistência dos jornalistas no local, Marcelo Rebelo de Sousa foi taxativo, reforçando que não mencionará a questão "nem hoje, nem nos próximos dias, nem nas próximas semanas", já que "os portugueses ouviram e, naturalmente, ouviram atentamente e perceberam".
"O papel do Presidente não é estar a interpretar-se a si próprio, mas faço um grande esforço para ser muito claro, com rigor. Não vou estar a fazer releituras daquilo que disse. Tudo aquilo que quis abordar, abordei. Não compete ao Presidente da República estar a ser comentador. Tive uma fase da minha vida em que fui comentador, esta não é a fase de ser comentador. Esta é a fase de ser responsável político", atirou, encerrando, assim, o assunto.
Em causa está a comunicação feita pelo chefe de Estado ao país, na quinta-feira à noite, na qual o Presidente da República afirmou não desejar usar os poderes que a Constituição lhe confere para interromper a governação, ainda que tenha frisado que não abdica dos mesmos.
Marcelo manifestou ainda a sua discordância quanto à decisão do chefe de Governo de manter João Galamba como ministro das Infraestruturas, que definiu como uma "divergência de fundo", além de considerar que terá efeitos "na credibilidade, na confiabilidade, na autoridade do ministro, do Governo e do Estado".
O chefe de Estado não deixou de mencionar o motivo pelo qual marcava presença no Reino Unido, salientando que a coroação de Carlos III foi marcada por "alegria" e por "vários contactos bilaterais e multilaterais importantes”, nomeadamente com o presidente brasileiro, Lula da Silva, e com o homólogo angolano, João Lourenço.
Se nas cerimónias fúnebres da rainha Isabel II, que morreu a 8 de setembro de 2022, o "tom era pesado, eram décadas de história que terminavam e o peso de uma rainha que tinha marcado uma era não apenas do Reino Unido, mas também da Europa e do mundo", esta nova visita de Estado "foi uma alegria que começou logo ontem na receção, em que foi visível da parte da família real o carinho que têm por Portugal”, sublinhou Marcelo, dando conta da atenção rei Carlos III à celebração dos 650 anos da aliança entre os dois países, "a mais antiga do mundo".
Carlos III foi coroado como rei do Reino Unido este sábado, numa cerimónia na Abadia de Westminster, em Londres, que seguiu rituais ancestrais, durante a qual jurou defender a lei e a igreja. Marcaram presença na celebração cerca de dois mil convidados, entre os quais os príncipes de Gales, William e Kate Middleton, que são agora os herdeiros da coroa, e diversos líderes de países do mundo.
[Notícia atualizada às 16h20]
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