Marcelo e Costa? "Menos novela diária mediática e mais sentido de Estado"
Álvaro Beleza apontou que os responsáveis "devem falar em privado e devem falar sempre que acharem que o devem fazer", considerando, contudo, que estes devem "comentar menos as conversas que têm".
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Em reação a mais uma ‘novela’ da esfera política portuguesa, desta vez com o ‘enredo’ centrado no Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e no primeiro-ministro, António Costa, o dirigente socialista Álvaro Beleza considerou que os responsáveis “devem falar em privado”, mas “comentar menos as conversas que têm”, num apelo a “mais sentido de Estado”.
“Começo a ficar um bocado cansado. Esta novela diária não prestigia as instituições. Estamos com um problema de défice de confiança dos portugueses nas instituições”, lançou Álvaro Beleza, em declarações à CNN Portugal.
Em causa estavam as declarações contraditórias do chefe de Estado e do chefe do Governo devido à polémica no Ministério das Infraestruturas. Isto porque Marcelo Rebelo de Sousa anunciou, na quarta-feira, que apenas recebeu “um contacto oficial sobre o SIS", a 29 de abril, dando a entender que terá sido informado por António Costa. Este, por seu turno, assegurou nunca ter informado Marcelo, durante as declarações no debate de política geral, a 24 de maio.
Nesta linha, Álvaro Beleza apontou que os responsáveis “devem falar em privado e devem falar sempre que acharem que o devem fazer”, considerando, contudo, que devem “comentar menos as conversas que têm”.
“Precisamos de menos novela diária mediática e mais sentido de Estado. E o que é que é sentido de Estado? É falar menos e fazer mais. Tem de haver entendimento entre o Presidente e o Governo, tem de haver fiscalização pelos órgãos institucionais”, complementou.
Ainda assim, o comentador mostrou-se satisfeito com a atuação do Parlamento, uma vez que, geralmente, em maiorias absolutas, a Assembleia da República “desaparece do radar”.
“O Parlamento está ativo, e isso é bom. Há escrutínio no Parlamento, há debate, às vezes até vigoroso demais, mas há, e isso é muito positivo”, disse, antes de rematar que “o regular funcionamento das instituições também requer mais silêncio”.
Recorde-se que o SIS interveio na recuperação de um computador levado do Ministério das Infraestruturas a 26 de abril por Frederico Pinheiro, que tinha sido demitido nessa noite. Este caso envolve denúncias contra o ex-adjunto por violência física no Ministério das Infraestruturas, rejeitadas pelo próprio, que se queixa de ter sido sequestrado no edifício.
Após o incidente, surgiram publicamente versões contrárias entre elementos do gabinete do ministro das Infraestruturas e Frederico Pinheiro, também sobre informações a prestar pelo Governo à Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP.
29 de abril foi o dia em que o ministro João Galamba deu uma conferência de imprensa sobre estes acontecimentos, na qual falou sobre o recurso ao SIS e sobre nomeou vários governantes com os quais disse ter-se aconselhado sobre o que deveria fazer.
Na comunicação que fez ao país a 4 de maio, o Presidente da República assumiu uma "divergência de fundo" com o primeiro-ministro quanto à manutenção de João Galamba como ministro - em relação à qual já tinha manifestado publicamente a sua oposição, através de uma nota escrita.
O chefe de Estado resumiu os incidentes entre o gabinete de João Galamba e o seu ex-adjunto Frederico Pinheiro como "um momento em que a responsabilidade dos governantes não foi assumida como deveria ter sido" e que teve custos "na credibilidade, na confiabilidade, na autoridade do ministro, do Governo e do Estado".
E prometeu estar "ainda mais atento e mais interveniente no dia a dia", para prevenir fatores de conflito que deteriorem as instituições, afirmando querer "evitar o recurso a poderes de exercício excecional".
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