O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, afirmou este sábado que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, "está na lama e quer atirar o país para a lama".
O socialista respondia a declarações do líder do Partido Social Democrata (PSD) e primeiro-ministro, que esta tarde disse não haver alternativa a eleições antecipadas e que era sua responsabilidade "evitar que Portugal seja um país para a lama".
"Quem criou a lama foi Luís Montenegro. Aliás, Luís Montenegro está na lama, arrastou o PSD e o seu Governo para a lama e agora quer atirar o país para a lama", atirou Pedro Nuno Santos em declarações aos jornalistas, em Lisboa.
O socialista afirmou que "Luís Montenegro só se pode mesmo queixar de si próprio" porque "não foi mais ninguém, a não ser ele próprio, a criar o problema e a crise política em que estamos hoje".
"Tem de deixar de se vitimizar e assumir as responsabilidades. Aquilo que nós precisamos é de um primeiro-ministro com coragem, frontalidade e transparência, e não alguém que se esconde sempre atrás dos outros", acrescentou.
Pedro Nuno Santos acusou ainda o primeiro-ministro de "fugir da verdade e do apuramento da verdade como o diabo foge da cruz". "Tudo vale para evitar uma comissão parlamentar de inquérito e dar esclarecimentos", acrescentou, referindo-se à moção de confiança apresentada pelo Governo.
Este sábado, Montenegro defendeu que é sua responsabilidade "evitar que Portugal seja um país envolto em lama" e "que as instituições portuguesas sejam corroídas pela irresponsabilidade de quem quer manter o espaço público permanentemente enlameado".
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já admitiu a realização de eleições antecipadas em maio, após o primeiro-ministro ter anunciado uma moção de confiança ao Governo que será discutida no Parlamento na terça-feira e que tem chumbo anunciado pelos dois maiores partidos da oposição, PS e Chega, implicando a demissão do Executivo.
O voto de confiança foi anunciado por Luís Montenegro na terça-feira, no arranque do debate da moção de censura do PCP (rejeitada com a abstenção do PS), e em que voltou a garantir que "não foi avençado" nem violou deveres de exclusividade com a empresa familiar Spinumviva.
Se a moção for rejeitada, o chefe de Estado já disse que convocará os partidos ao Palácio de Belém "se possível para o dia seguinte" e o Conselho de Estado "para dois dias depois" - os dois passos obrigatórios antes da dissolução do parlamento -, e admitiu eleições a 11 ou 18 de maio, que seriam as terceiras Legislativas antecipadas em três anos.
[Notícia atualizada às 18h35]
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