Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, teceu esta segunda-feira fortes críticas ao ministro da Saúde pela decisão de transferir grávidas de baixo risco do hospital de Santa Maria, em Lisboa, para hospitais privados.
Transferências estas que a tutela justifica com os constrangimentos que as obras na ala materno-infantil do hospital lisboeta vão causar.
"O senhor ministro Manuel Pizarro tem mesmo de decidir se está ao lado de Luís Montenegro, do PSD, que o elogia pela escolha de transferir um serviço para o privado e utentes do SNS para o privado, ou se está ao lado do SNS. O ministro da Saúde decide, ou está ao lado de Luís Montenegro e do PSD, ou do lado do SNS."
Este foi o forte desafio que Mortágua lançou a Manuel Pizarro, acusando que "passar o serviço a privados e decidir que este é o novo normal" tem um significado: "É o fim do SNS. É o Governo que desiste do SNS."
"Quando um serviço é transferido para privados, é porque o Governo desistiu de combater a falta de médicos, desistiu do SNS, e aceita que o serviço do SNS seja prestado por privados. Não de forma pontual, mas enquanto substituto do próprio SNS. Esta é a escolha que faz a Direita, é a proposta do PSD, da IL e do Chega", atirou ainda a coordenadora bloquista.
Em sentido contrário, Mortágua defende uma outra alternativa que o Governo poderia tomar para resolver a falta de médicos no setor, que é "investir do SNS e não desistir dele", bem como "compreender que para funcionar e ter futuro, o SNS precisa urgentemente de atrair profissionais".
Mariana Mortágua anunciou ainda que o Bloco de Esquerda apresentou na Assembleia da República um requerimento "para ouvir várias entidades envolvidas nesta decisão", desde logo o antigo chefe de Obstetrícia do hospital de Santa Maria, a presidente do Conselho de Administração do hospital, a Direção Executiva do SNS e o ministro da Saúde.
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