A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, comentou, este sábado, a demissão do secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira, suspeito dos crimes de corrupção e participação económica em negócio..
"Era expectável que o secretário de Estado se demitisse. Era o mínimo que podia ser feito", sublinhou, em declarações aos jornalistas quando questionada sobre o assunto, no Porto.
Esta é mais uma 'baixa' para o Governo, que nos últimos meses tem assistido à saída de governantes - por diferentes polémicas. Quanto a este caso, Mortágua sublinhou que há dois aspetos que esta demissão "levanta".
Em primeiro lugar, a dirigente apontou o dedo a António Costa. "O primeiro-ministro prometeu ao país que ia criar mecanismos para impedir que fôssemos confrontados com novos casos destes no Governo - e hoje compreendemos que nada foi feito", atirou, acusando Costa de ter falhado. "António Costa falhou na promessa que fez ao país", sublinhou.
A bloquista recordou ainda o questionário que os governantes tiveram de preencher, em janeiro deste ano, sobre possíveis conflitos de interesses. "O questionário que inventou era uma anedota", rematou, considerando "graves" as acusações de que o Marco Capitão Ferreira é alvo.
Mas para além deste 'falhanço' de Costa, Mortágua sublinha ainda uma outra questão que, na sua opinião, "se levanta". "Podemos estar perante fenómenos reiterados de abusos de dinheiros públicos, neste caso, no Ministério da Defesa", afirmou, considerando que esta é uma preocupação que se "adensa" e requer uma fiscalização "mais apertada".
"E requer, certamente, uma capacidade para compreender se estamos perante um caso isolado ou se estamos perante o abuso disseminado no Ministério da Defesa - nas contrações assessorias, consultorias", considerou.
A líder bloquista afirmou ainda que se o primeiro-ministro estava preocupado em resolver os "problemas das pessoas", como já tinha dito, só tinha uma resposta: "O que temos a dizer é que não vimos nada".
Na sexta-feira, o Presidente da República aceitou a exoneração de Marco Capitão Ferreira, proposta pelo primeiro-ministro, António Costa.
A proposta de exoneração foi divulgada pelo gabinete do primeiro-ministro pelas 09:00, com a indicação de que "lhe foi transmitida pela ministra da Defesa Nacional [Helena Carreiras], a pedido do próprio".
O secretário de Estado da Defesa demissionário foi, entretanto, constituído arguido no âmbito do processo "Tempestade Perfeita", que levou a Polícia Judiciária a fazer buscas no Ministério da Defesa.
Marco Capitão Ferreira é suspeito dos crimes de corrupção e participação económica em negócio.
Na origem da "Tempestade Perfeita", que contava já com pelo menos 19 arguidos, estiveram gastos de cerca de 3,2 milhões de euros na empreitada para reconverter o antigo Hospital Militar de Belém, em Lisboa, num centro de apoio à covid-19, sendo o orçamento inicial da obra de 750 mil euros.
[Notícia atualizada às 17h40]
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