"O Chega saúda veto ao programa Mais Habitação e fica perplexo que o PS se prepare unilateralmente, e de forma arrogante, para confirmar o diploma na Assembleia da República", afirmou André Ventura, em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa.
O presidente do Chega indicou que, caso o diploma seja confirmado e o Presidente da República "seja obrigado a assiná-lo", o partido vai procurar "apoio parlamentar para submeter ao Tribunal Constitucional uma fiscalização do diploma Mais Habitação".
Ventura apontou que este diploma "viola gravemente a legislação portuguesa e a Constituição".
De acordo com a Constituição, podem requerer a fiscalização sucessiva da constitucionalidade de uma lei em vigor "um décimo dos deputados à Assembleia da República", ou seja, 23 parlamentares.
A bancada parlamentar do Chega é composta por 12 deputados, número insuficiente para submeter o pedido ao Tribunal Constitucional.
O líder do Chega afirmou que, "se dependesse do Chega", o diploma já teria sido submetido ao Tribunal Constitucional.
"Parece-nos evidente, pelo ataque à propriedade privada, pelo ataque ao sistema fiscal e pela desproporcionalidade que cria, este diploma é inconstitucional", defendeu.
Em declarações aos jornalistas, André Ventura acusou o Governo de "persistência e teimosia" e considerou que o Presidente da República reconheceu, com o veto, que "este programa não era de mais habitação, mas de menos habitação", nem "para resolver problemas de habitação, mas para atacar o direito de propriedade, matar o alojamento local, ferir o investimento privado e criar uma enorme instabilidade nas famílias e nos investidores".
O líder do Chega defendeu que "não é a atacar o alojamento local, o rendimento das famílias ou o investimento privado que se vai resolver o problema da habitação em Portugal" e considerou o diploma "irrealista e [que] não encerrava em si nenhuma solução fundamental e útil".
Ventura considerou que na mensagem que acompanha o veto, Marcelo Rebelo de Sousa "deixou uma clareza enorme que deve levar o parlamento a refletir e a refazer o diploma" e apelou ao PS que procure um consenso em torno deste programa e o leve novamente a discussão parlamentar.
Se confirmar a proposta, o PS entra num "novo confronto" com o Presidente da República, considerou o presidente do Chega.
O Presidente da República vetou hoje o decreto que reunia as principais alterações à legislação da habitação - com mudanças ao nível do arrendamento, dos licenciamentos ou do alojamento local - aprovadas no dia 19 de julho no parlamento pelo PS, que já anunciou que irá confirmá-la no início da próxima sessão legislativa.
Na mensagem que acompanha a devolução do diploma ao parlamento, Marcelo Rebelo de Sousa expressou um "sereno juízo negativo" sobre as medidas e criticou a ausência de consenso partidário.
"Não é fácil de ver de onde virá a prometida oferta de casa para habitação com eficácia e rapidez", disse, acrescentando que "não é suficientemente credível" quanto à execução a curto prazo ou mobilizador.
Na Polónia, onde se encontra em visita oficial, Marcelo Rebelo de Sousa destacou que se tratou de um veto político e não constitucional, assumindo uma discordância face às opções do Governo e da maioria PS neste processo, e sustentou que o diploma "não representava a base de apoio nacional que era necessária".
[Notícia atualizada às 17h47]
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