"Esta visita tem uma forte componente social. Na medida em que vamos não só verificar, no terreno, as políticas que o Governo tem para a diáspora, nomeadamente da Venezuela, que é um país prioritário da ação do Governo Português, e as nossas políticas sociais de auxílio aos nossos compatriotas, que estão numa situação mais frágil, debilitada do ponto de vista social e económico", disse.
Paulo Cafôfo falava à Agência Lusa, em Caracas, onde visitou a sede da Rede Médica Portuguesa de Chacao (leste de Caracas) no âmbito de uma visita de sete dias à Venezuela, em que se faz acompanhar pelo secretário de Estado da Segurança Social, Gabriel Bastos.
"Caracas duplicou o número de médicos, nós tínhamos dois médicos, passamos a ter quatro, e na globalidade da Venezuela temos neste momento uma rede composta por seis médicos", explicou.
Segundo Paulo Cafôfo este reforço é "extremamente importante, porque estamos a falar da saúde de cidadãos portugueses, que no contexto da Venezuela, tem dificuldade em aceder ao sistema de saúde, e a cuidados de saúde que lhes permitam ter qualidade de vida".
"E aqui, o Governo português assume uma responsabilidade. Nós estamos muito distantes de Portugal (...), mas temos uma rede médica de médicos aos que agradeço toda a colaboração e cooperação, e que atendem pacientes, fazem exames de diagnóstico, análises, e cuidam da saúde de quem não tem meios financeiros, de ter um seguro de saúde, ou para poder ir a uma clínica", explicou.
O secretário de Estado sublinhou que ainda que "não há aqui diferença nos atos médicos que são praticados de uma forma gratuita" e que a rede tem outra componente, a dos medicamentos.
"Acabamos de entregar medicamentos, há um circuito que é feito e que de uma forma generosa, eu diria, vêm de Portugal, e são entregues para doenças e patologias que são mais comuns, mas que são de uma enorme utilidade", frisou.
Segundo Paulo Cafôfo é um "investimento de cerca de 100.000 mil, que é aplicado nesta rede médica" que já atendeu "cerca de mil pacientes", disse.
Por outro lado, o médico internista Paulo Fernandes Andrade explicou à Lusa, que pertence à rede médica portuguesa desde junho de 2023.
Também que atendem pacientes portugueses carenciados, que não têm possibilidade económica para pagar uma consulta privada e não têm segurança social na Venezuela.
"Nós damos-lhes atenção de qualidade, sem qualquer diferença com os pacientes que podem com os seus próprios meios pagar uma consulta. Fazemos-lhes os exames do coração, ultrassom, de sangue e damos-lhes uma atenção na íntegra", explicou.
Segundo Paulo Fernandes, os pacientes estão muito agradecidos pelo trabalho que fazem e pelo apoio do Governo português.
Sobre os pacientes precisou que a maioria tem entre 40 e 70 anos, sofre do coração, de hipertensão arterial e diabetes. Há também alguns com problemas tumorais, metabólicas e cardiovasculares.
Frisou ainda que além de conterrâneos de sucesso, há na Venezuela uma grande quantidade de portugueses, que não tiveram a mesma sorte e a atenção em saúde é primordial.
À espera pela segunda consulta, Leonel Duarte da Silva Avezedo de Freitas, madeirense, emigrado há 50 anos na Venezuela, explicou à Lusa que teve um "problema de um infarto" e tem "problemas com a tiroides".
Também que acudiu porque soube que Portugal estava a ajudar pessoas carenciadas, vincando que "a atenção tem sido muito boa, o pessoal é muito atento" e que "é importante que este tipo de projetos continuem".
Radicado em Higuerote (120 quilómetros a leste de Caracas) João Paulo de Sousa, 71 anos, viajou hoje até Caracas para receber atenção médica pela primeira vez.
Emigrado na Venezuela desde os 8 anos de idade, explicou que precisa fazer alguns exames médicos, à próstata e aos rins, e lhe informaram que o Consulado estava ajudando os portugueses.
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