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"A política não pode ser um exercício de números mediáticos"

O primeiro-ministro já tinha desmentido um conflito com o Presidente da República, e Marcelo mostrou-se solidário com Costa e as interpretações em torno da reunião do Conselho de Estado.

"A política não pode ser um exercício de números mediáticos"
Notícias ao Minuto

22:21 - 06/09/23 por Hélio Carvalho com Lusa

Política Conselho de Estado

Ao final de uma tarde novelesca na política portuguesa, o primeiro-ministro tentou finalmente fazer as achas na fogueira e acabar com o debate sobre o seu suposto silêncio na última reunião do Conselho de Estado, afirmando que "a política não pode ser um exercício de números mediáticos".

No discurso de abertura da Academia do PS, um evento que marca a rentrée política dos socialistas, Costa focou-se na importância do voto e na "avaliação" ao Governo, deixando um recado à classe política e afirmando que o dever dos políticos é "cumprir e procurar cumprir os compromissos que assumimos com os cidadãos”.

O líder dos socialistas lembrou ainda "a ousadia" de um país "que, quando muitos ainda não tinham a certeza se a democracia ia sobreviver, e tinha a economia num estado inimaginável", entregou a Bruxelas a carta a pedir a adesão à União Europeia - que viria a acontecer em 1985, com Mário Soares como chefe do executivo.

"E ainda bem que arriscaram, ainda bem que deram esse passo em frente, ainda bem que não foram velhos do Restelo, ainda bem que foram otimistas irritantes. Porque é com otimistas irritantes que o país foi sempre para a frente", defendeu.

No início de um longo discurso, António Costa tinha começado por realçar os tempos de "grande incerteza" da atualidade, face à guerra e à crise inflacionista, sustentando que "quando há tempos de incerteza, o bem mais precioso é a certeza", que resulta "da estabilidade e da previsibilidade das políticas".

"A vida política não é algo de artificial, mas sim algo de concreto que tem a ver com a vida das pessoas e a construção do futuro do país. A melhor forma de mobilizarmos as pessoas para a política, a melhor forma de fazermos as pessoas acreditarem na Rússia da política, a melhor forma de combatermos os populismos, não é com discursos. É focando a ação política nas pessoas e na construção do futuro do país", vincou o primeiro-ministro.

Costa prosseguiu, dizendo que, de tempos a tempos, são realizadas no país eleições, "cada partido apresenta o seu programa, as pessoas ouvem e avaliam as diferentes propostas e votam, e esse voto sela um contrato".

Esse contrato, para Costa, "é simples": havendo um programa, quem recebeu essa responsabilidade tem que se "focar na execução" e depois "no final tem que ser devidamente avaliado se cumpriu ou não".

"É evidente que em muitos sistemas de ensino há uma avaliação contínua, não vamos só a exame final, e portanto, ao longo do ano vamos sendo avaliados se estamos ou não a cumprir. Mas há uma noção que as pessoas têm e todos temos que ter: é que o contrato que os políticos celebram com os cidadãos nas eleições é mesmo um contrato que se têm que empenhar em cumprir, mesmo que seja mais difícil, mesmo que haja imprevistos, mesmo que haja sobressaltos", vincou.

As palavras de António Costa surgem depois de Marcelo comentar as notícias sobre o silêncio do primeiro-ministro na última reunião do Conselho de Estado, um silêncio que foi criticado por Luís Montenegro como um "amuo" de Costa .

Marcelo admitiu que ficou "melindrado" com as fugas de informação sobre reuniões que supostamente seriam sigilosas, e garantiu que o facto do primeiro-ministro não se pronunciou na reunião "não foi por nenhuma questão com o Presidente da República".

Luís Montenegro comentou na terça-feira que o primeiro-ministro declarou estar "amuado" na reunião do Conselho de Estado, criticando o alegado comportamento de Costa como uma demonstração de conflito.

Depois dos comentários iniciais de Luís Montenegro, António Costa respondeu no início do dia ao líder do PSD, garantindo que “não amuou” e falando em “mentiras” sobre o seu comportamento no Conselho de Estado. “O Conselho de Estado assenta sobre uma regra de confidencialidade”, disse, acusando os membros de “péssimo serviço”.

[Notícia atualizada às 07h54]

Leia também: "Melindrado" com notícias sobre silêncio de Costa, Marcelo nega "querela"

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