"O Partido Socialista, o líder do Partido Socialista, está a comportar-se como um pai muitas vezes se comporta perante a criança: eu tenho um doce, se ter portares bem, eu ofereço-te o doce", disse.
Quintino Costa referia-se a declarações recentes do líder socialista madeirense e cabeça de lista do PS às regionais de 24 de setembro, Sérgio Gonçalves, sobre o transporte marítimo entre a Madeira e o continente, indicando que caso seja eleito presidente do Governo Regional haverá uma ligação de ferry.
"Ora, o Partido Socialista o que diz é 'se vocês votarem em mim, vocês têm um doce, este ferry é vosso'. Não pode ser assim", declarou o candidato do PTP, que falava no âmbito de uma iniciativa de campanha à entrada do porto do Funchal.
Quintino Costa, também empresário e líder da estrutura regional do partido, considerou que o PS está, assim, a imitar o PSD, que governa o arquipélago desde 1976 e em coligação com o CDS-PP desde 2019, fazendo "promessas eleitorais que não são cumpridas".
"O Partido Socialista, com esta proposta de dizer 'só há ferry se o PS estiver no governo', está a imitar na plenitude o PSD, está a chantagear os eleitores tal com o PSD tem feito durante estes 48 anos", reforçou.
O cabeça de lista do PTP disse, por outro lado, que o PS representa o partido que governa o país na região, mas o seu líder "não se mexeu para que o Governo da República tomasse medidas para que a Madeira tivesse ligação de ferry ao continente".
Quintino Costa explicou que o Partido Trabalhista Português defende que os encargos referentes à continuidade territorial devem ser assumidos em conjunto pelo Estado e a região, a exemplo do que acontece com a construção do novo hospital da Madeira, financiado a 50% por cada parte.
"O Governo da República e o Governo Regional devem, para o bem da população, em nome da economia, assumir as despesas do ferry", disse, para logo acrescentar: "O Partido Socialista perdeu a credibilidade ao colocar o seu líder, que por cima é uma especialista no transporte marítimo [foi gestor na Porto Santo Line], a dizer que tem o doce, mas só o dá se for governo. Isto é chantagem pura, não se pode admitir em democracia. O PSD faz igualzinho há 48 anos", disse.
As legislativas da Madeira decorrem em 24 de setembro, com 13 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único.
PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU (PCP/PEV) e IL são as forças políticas que se apresentam a votos.
Nas anteriores regionais, em 2019, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados). O PS alcançou 19 mandatos, o JPP três e a CDU um.
Em 2011, o PTP chegou a alcançar três mandatos na Assembleia Legislativa da Madeira e em 2015 integrou a coligação Mudança (PS/PTP/PAN/MPT), que se desintegrou após o ato eleitoral, e ficou representado por um deputado.
Já em 2019 não conseguiu eleger qualquer representante.
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