A dois dias da confirmação no parlamento do pacote do Governo sobre habitação, após o veto de Marcelo Rebelo de Sousa, o tema entrou no debate da moção de censura do Chega ao executivo, com o vice-presidente da bancada do PSD Paulo Rios de Oliveira a acusar o Governo de "falhanço grosseiro".

"O PSD antecipou-se e apresentou um novo caminho para as políticas de habitação. Qual foi a resposta do Governo? Diálogo não, abertura ao compromisso não, foi inventar o pacote 'Mais Habitação' em cima do joelho sem estudos que o sustentassem", afirmou, dizendo que "não se encontra uma alma" que o defenda.

Paulo Rios de Oliveira acusou o PS de ter tido "uma atitude hipócrita" ao abster-se na votação dos diplomas do PSD em plenário, para depois os 'chumbar' "pela calada" no grupo de trabalho.

"E depois, a forma ressabiada e arrogante como reagiram ao veto de Marcelo Rebelo de Sousa, nem o veto presidencial provocou o mais pequeno rebate de consciência", criticou, repetindo o compromisso de revogar estas medidas quando o PSD for Governo.

Na resposta, a deputada do PS Maria Begonha defendeu que foram os Governos liderados por António Costa que "inverteram o paradigma de negligência e desinvestimento na habitação".

"O PSD nunca entendeu a habitação como obrigação do Estado (...) O problema do PSD é que não quer que a habitação seja também um grande pilar do Estado social", acusou.

Maria Begonha lamentou ainda que o PSD pré-anuncie a revogação de todas as medidas, dizendo que "ninguém percebe o que faria o PSD para além de voltar ao antigamente da liberalização do mercado".

Ao longo do debate, a oposição criticou também as políticas de educação do Governo, com a deputada do PSD Sónia Ramos a dizer que o executivo "já chumbou por faltas", ou na saúde, com Pedro Frazão do Chega a trazer uma conhecida música ao debate.

"O discurso do primeiro-ministro sobre saúde fez-me lembrar uma canção de Lena d'Água: 'Demagogia feita à maneira, é como queijo numa ratoeira'", criticou.

Em defesa das recentes medidas anunciadas pelo primeiro-ministro para os jovens saiu o líder da JS Miguel Costa Matos.

"Quem devolve as propinas, quem cobra pouco ou nenhum IRS aos jovens nos primeiros anos de trabalho? Dizem que são medidas avulsas, mas façam as contas como dizia o engenheiro Guterres: nos primeiros cinco anos da vida profissional dos jovens são 12 mil euros de benefícios", afirmou.

"Se calhar, hoje até a Ana dos Olivais votava no PS", brincou, referindo-se a uma personagem fictícia de uma jovem insatisfeita trazida pelo líder da JSD, Alexandre Poço, ao debate do Orçamento do Estado para 2023.

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