"O clima de medo e represálias existe. As pessoas podem perder o seu trabalho. Pessoas que concorrem a um emprego na função pública, seguramente não vão conseguir se fizerem parte de uma lista de um partido opositor", afirmou, para logo explicar que esta "condicionante democrática" existe há quase 50 anos, tantos quantos o PSD governa na região.
"Isso é certeza e nós aqui, na Madeira, sabemos que isso é certo", reforçou.
Miguel Pita falava aos jornalistas no âmbito da campanha do partido para as eleições regionais de domingo, no porto do Caniçal, em Machico, na zona leste da ilha, numa iniciativa que contou com a presença do líder nacional, Bruno Fialho.
Referindo-se ao facto de os partidos da oposição destacarem com frequência que as pessoas têm "medo de falar" e que o executivo de coligação PSD/CDS-PP se comporta como se fosse "dono disto tudo", Miguel Pita disse ter de concordar.
"Seria hipócrita se não o fizesse. Quem vive cá sabe que isto assim funciona. Se não é de uma forma direta, é de uma forma indireta, mas somos atingidos por isso. Eu próprio também já senti isso", declarou, sublinhando que o ADN não tem muitas pessoas a fazer campanha por isso mesmo.
"Apoiam, votam, mas não querem aparecer", disse.
Em relação à iniciativa no porto do Caniçal, Miguel Pita explicou que o ADN defende a deslocalização do cais de embarque/desembarque do navio "Lobo Marinho", que efetua a ligação regular entre a Madeira e o Porto Santo, do Funchal para ali.
"Dessa maneira, estando aqui o 'Lobo Marinho', saindo daqui, poupava cerca de uma hora de viagem, uma hora de viagem de poupança representaria talvez uma poupança também no bilhete da viagem", disse.
O Miguel Pita considerou que a viagem entre ilhas, que dura cerca de duas horas e meia a partir do Funchal, seria mais prática para os passageiros, passando para cerca de uma hora e meia.
"O porto [do Caniçal] tem as condições necessárias para carga e descarga de mercadorias e dinamizava também a economia da costa este da ilha", vincou.
O cabeça de lista do Alternativa Democrática Nacional (ADN) às legislativas da Madeira, ex-militante do Chega, foi rosto de várias manifestações contra o excesso das medidas restritivas aquando da pandemia de covid-19 aplicadas na Madeira.
Em 2021, Miguel Pita, gerente hoteleiro, foi candidato do Chega a uma junta de freguesia e, dois anos mais tarde, concorreu pelo partido às legislativas nacionais.
Foi convidado para ser cabeça de lista do ADN em fevereiro, mas levou até julho para aceitar, devido "à experiência traumatizante com o Chega".
Às legislativas da Madeira de domingo concorrem 13 candidaturas, que disputam os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único.
PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU (PCP/PEV) e IL são as forças políticas que se apresentam a votos.
Nas anteriores regionais, em 2019, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados). O PS alcançou 19 mandatos, o JPP três e a CDU um.
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