Em declarações aos jornalistas no parlamento, o deputado do PCP Bruno Dias considerou que intenção de o Governo alienar pelo menos 51% do capital da TAP, hoje anunciada em Conselho de Ministros, confirma "o enfeudamento do PS aos interesses do grande capital e a sua submissão às imposições da União Europeia, que há muito traçou o objetivo de liquidar" a companhia aérea.
"Uma decisão que é tomada em convergência com o que PSD, CDS, Chega a Iniciativa Liberal têm vindo a defender e que se insere num caminho de abdicação nacional, com dezenas de privatizações que deixam o país mais pobre e dependente", afirmou.
Para o PCP, a privatização da TAP "é um crime contra país, contra a economia do país, contra a soberania nacional".
"A TAP é uma das maiores empresas nacionais, é o maior exportador nacional de serviços, com vendas superiores a três mil milhões de euros por ano, cria emprego de qualidade com remunerações acima da média, é uma alavanca essencial para o turismo nacional", frisou Bruno Dias.
O deputado comunista referiu que, nos últimos 10 anos, a TAP "entregou de contribuições para a Segurança Social um total de 1,4 mil milhões de euros, e entregou ao Estado português em IRS mais 1,2 mil milhões".
Bruno Dias sublinhou ainda que a TAP se destaca "no contexto internacional", sendo "a principal companhia europeia com ligações ao Brasil e a alguns países do continente africano".
"Hoje, a TAP está capitalizada, a dar lucros, e a gerar uma riqueza imensa para o país, sendo um dos mais importantes parceiros da maior aliança de companhias aéreas do mundo, a 'Star Aliance'", sublinhou.
Para Bruno Dias, estes dados retiram argumentos a quem anda há "mais de 20 anos a dizer que a TAP ou era privatizada ou desaparecia", e fazem com que não haja razões para justificar a privatização da companhia aérea.
O deputado do PCP considerou que o "Governo PS e os partidos à sua direita" querem entregar a TAP a uma multinacional, "não porque a TAP valha pouco ou seja um estorvo ao país, mas sim porque a TAP vale muito hoje e poderá valer ainda mais no futuro".
"Privatizar a TAP não é uma garantia de futuro, antes pelo contrário. Privatizar a TAP é o caminho para a destruição de um dos últimos instrumentos de soberania nacional", sustentou.
Apesar disso, Bruno Dias disse que a prática demonstra que a privatização da companhia aérea "não é um assunto encerrado", prevendo que a defesa de uma TAP pública irá mobilizar "muitos dos trabalhadores da companhia, muitos democratas e patriotas que não aceitam ver o seu país vendido a retalho".
Da parte do PCP, prosseguiu Bruno Dias, o partido assume o compromisso de "juntamente com a luta dos trabalhadores do setor, tudo fazer para impedir um novo crime contra os interesses e a economia nacional".
"Desde já, na Assembleia da República, o Grupo Parlamentar do PCP irá promover a audição urgente do ministro das Infraestruturas na comissão parlamentar sobre esta mesma matéria", anunciou.
O Governo anunciou hoje a intenção de alienar pelo menos 51% do capital da TAP, reservando até 5% aos trabalhadores, e quer aprovar em Conselho de Ministros até ao final do ano, ou "o mais tardar" no início de 2024, o caderno de encargos da privatização da TAP.
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