O líder parlamentar do Partido Socialista (PS), Eurico Brilhante Dias, lamentou, esta quinta-feira, as críticas feitas ao Governo após o anúncio da reprivatização da TAP, considerando que a oposição está "a perder alguma da sua capacidade construtiva".
"Digo isto, lamentando sinceramente. O tom das críticas neste caso não é diferente de outros casos. A oposição está, neste momento, talvez a perder alguma da sua capacidade construtiva. A cada iniciativa do Governo faz o mesmo tipo de críticas, quer se fale da TAP, quer se fale de Habitação, quer se fale de qualquer outro tema", acusou.
O socialista prosseguiu afirmando que "neste momento" existem "posições muito pouco construtivas" e "muito pouco orientadas" para a "construção de soluções".
Segundo Brilhante Dias, o PS apesar de governar com maioria absoluta tem "procurado sempre construir pontes" e "pretende discutir diferentes temas" com os restantes partidos.
"O conteúdo do que a oposição diz é, independentemente do assunto, a mesma crítica, o mesmo azedume, e a mesma incapacidade de construir e estamos aqui com vontade de construir e de estabelecer pontes com todos os partidos da oposição democrática, entenda-se", afirmou Brilhante Dias.
"O tom e o conteúdo das críticas… Às vezes parece que, independentemente do tema que estamos a falar, o tipo de críticas e a ausência de construção de soluções é sempre a mesma", frisou.
Brilhante Dias lembrou ainda que TAP "é um ativo muito importante do país", que "passou por um processo particularmente difícil durante a pandemia" e que "tem em vigor um plano de reestruturação que está a ser muito bem executado".
Questionado sobre a questão de o PS ser o único partido favorável à reprivatização, o socialista frisou que o partido é "radicalmente democrata" e irá "continuar a fazer o exercício de aproximação" das suas posições às posições da oposição. No entanto, frisou, "é necessário que a oposição queira continuar a dialogar".
Brilhante Dias salientou que a companhia aérea "foi privatizada no meio ou entre dois governos, por um Governo que sabia que ia cair em 2015".
O socialista acrescentou que o atual Governo, "com a mesma noção de ativo estratégico, está a construir um processo de privatização que permita à TAP ter viabilidade económica, continuando a ser um ativo estratégico no quadro de uma grande aliança ou de uma grande rede que permita à TAP entrar, não só noutras rotas, mas como suportar de forma eficiente as rotas onde hoje já se distingue, que são as rotas do Atlântico sul e do Atlântico norte, também para os Estados Unidos da América".
"Vamos esperar por este processo, processo que é aberto mas em que nós não nos mexemos um milímetro. Apesar das circunstâncias, a TAP continua a ser um ativo estratégico fundamental para o desenvolvimento do país", concluiu.
Sublinhe-se que o ministro das Finanças, Fernando Medina, anunciou, esta quinta-feira, a intenção do Governo em alienar pelo menos 51% do capital da transportadora aérea.
Nas horas que se seguiram ao anúncio, os partidos - da esquerda à direita - pronunciaram-se sobre a reprivatização, com críticas, sobretudo, aos milhares de milhões de euros injetados pelo Governo nos últimos anos para salvar a empresa.
[Notícia atualizada às 20h21]
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