Mundial? Há "três aspetos que é preciso não deixar de ter em conta"

O PCP defendeu hoje que a escolha de Portugal como um dos organizadores do Mundial 2030 não esconde a "inexistência de uma política desportiva" nacional e manifestou reservas sobre os custos e eventual legitimação do conflito no Saara Ocidental.

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Lusa
04/10/2023 22:23 ‧ 04/10/2023 por Lusa

Política

PCP

Em declarações aos jornalistas na feira de Vila Franca de Xira, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, afirmou que se "admite a realização de grandes eventos internacionais" em Portugal, salientando que o Mundial 2030 não será o primeiro, mas ressalvou que há "três aspetos que é preciso não deixar de ter em conta".

O primeiro, disse, é o impacto que a organização do Campeonato do Mundo de Futebol de 2030 irá ter em termos de "custos e recursos públicos", sobretudo tendo em conta "as prioridades que são precisas para o país", referindo-se, por exemplo, às questões da saúde.

"Depois há uma outra questão que estes grandes eventos internacionais desportivos não podem deixar de ter em conta, que é a inexistência de uma política desportiva em Portugal nas suas mais diversas modalidades e com tantas provas dadas do ponto de vista desportivo", acrescentou.

Por último, Paulo Raimundo disse ainda que estar preocupado que o modelo do Mundial 2030 - que Portugal irá organizar em conjunto com Marrocos e Espanha - possa vir a legitimar um "conflito existente entre Marrocos e o Saara Ocidental", que disse não ser "bom, em particular para o povo sarauí".

O conflito do Saara Ocidental opõe Marrocos aos independentistas sarauís da Frente Polisário, apoiados pela Argélia, após a retirada em 1975 de Espanha, a antiga potência colonial.

A antiga colónia espanhola foi ocupada apesar da resistência da Frente Polisário, que manteve uma resistência armada até 1991, quando as duas partes assinaram um cessar-fogo que previa a realização de um referendo de autodeterminação.

Rabat propõe para o Saara Ocidental um plano de autonomia sob a sua soberania exclusiva, enquanto a Polisário insiste num referendo de autodeterminação sob a égide da ONU, previsto no acordo de cessar-fogo de 1991, mas nunca concretizado.

Em 2030, Portugal vai estrear-se na organização de Mundiais, depois de ter recebido o Euro2004, a Espanha o Euro1964 e o Mundial1982, enquanto Marrocos acolheu a Taça das Nações Africanas (CAN) em 1988.

Esta vai ser a primeira vez que um Mundial será repartido por seis países. Uruguai, Argentina e Paraguai vão receber três jogos do Mundial, como forma de "celebrar o centenário" da competição, cuja primeira edição decorreu no Uruguai, em 1930.

Leia Também: BE critica organização do Mundial devido a ocupação do Saara Ocidental

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