Pedro Nuno Santos, candidato à liderança do Partido Socialista (PS), respondeu, este sábado, as críticas do presidente do Partido Social Democrata (PSD), defendendo que a geringonça é uma "memória boa para os portugueses", enquanto o governo durante o qual Luís Montenegro foi líder parlamentar "infligiu sofrimento ao povo". Além disso, considerou ainda que o líder social-democrata dez um discurso "extremado" e "panfletário".
Em declarações aos jornalistas, em Viana do Castelo, Pedro Nuno Santos respondeu às críticas deixadas por Luís Montenegro no discurso de abertura do 41.º Congresso do PSD, referindo que a conhecida geringonça é "uma memória boa para os portugueses".
"Por oposição a outro governo do qual ele [Luís Montenegro] foi líder parlamentar. Um governo que infligiu sofrimento ao povo, cortou salários, cortou pensões, que reduziu a despesa social, que amentou impostos em nome da dívida, que, aliás, nesse governo, aumentou no final do mandato", disse, numa referência ao executivo de Pedro Passos Coelho.
Pedro Nuno Santos insistiu que a geringonça foi uma "solução governativa, uma experiência governativa", na qual se recuperaram "rendimentos, direitos" e "descongelaram-se carreiras".
"Ao mesmo tempo que este governo fazia isso, oferecia ao pais não só estabilidade política, mas também reduziu a dívida ao longo desses quatro anos", apontou o também antigo ministro das Infraestruturas.
"Foi um governo que revelou responsabilidade por oposição a governos que infligiram sofrimento e que foram irresponsáveis do ponto de vista das contas publicas", acrescentou o socialista. "Tivemos este discurso caricato sobre uma experiência governativa que correu bem e que os portugueses guardam com uma boa memória", reiterou.
Interrogado sobre o facto de Montenegro o ter apelidado de "mais fanático defensor" do 'gonçalvismo', Pedro Nuno Santos afirmou apenas que o líder do PSD fez um discurso "extremado, panfletário" e "muito pouco próprio a quem quer liderar o país".
"O que é verdadeiramente importante é falar para o país, falar para os portugueses, dar futuro e dar esperança ao povo português e isso esteve completamente ausente do discurso do líder do PSD", disse.
"Ouvi o discurso com atenção, porque tinha a expectativa de ouvir o que é que o PSD tinha a dizer aos portugueses e aos país, sobre os seus problemas, sobre as suas ambições, sobre isso não ouvimos uma única palavra, vimos um discurso cheio de ataques, de queixas, de críticas, numa língua extremada, numa linguagem panfletária, muito pouco própria de quem quer governar o país", considerou.
Questionado sobre se ficou satisfeito por Montenegro ter ignorado os seus adversários na corrida à liderança do PS, dando-o quase como vencedor das diretas, Pedro Nuno Santos atirou: "O meu adversário é mesmo Luís Montenegro", declarou, referindo que o líder do PSD não aprendeu nada com estes últimos oito anos".
Sobre as referências ao Chega, o socialista repetiu, como já havia dito, que o partido de André Ventura "não é um problema do PS".
"Não há nenhum cidadão português que ache que há risco de o Partido Socialista se entender com o Chega. Essa é uma batata quente do líder do PSD. Não é um problema do PS", afirmou.
"Aquilo que sabemos, por experiência em relação ao PSD, e se olharmos para a experiência governativa mais próxima do governo do PSD, nós vemos o PSD a fazer um acordo com o Chega, depois de ter dito durante toda a campanha que não faria esse acordo", acrescentou ainda, refutando as palavras de Miguel Pinto Luz, que recusou que Bolieiro tenha feito um acordo com o Chega nos Açores, e reforçando que o acordo "está assinado e tem a assinatura de todos".
Já sobre a leitura que José Luís Carneiro fez do discurso de Montenegro, Pedro Nuno Santos reforçou que o debate que interessa "não é sobre radicalismo ou moderação", mas sim um debate sobre "resolução dos problemas do país" e sobre quem tem "a capacidade de mobilizar o povo para construirmos um país onde valha a pena viver".
"Esse é o grande desafio que nós temos. Nós continuamos a assistir a diferentes políticos a usar rótulos, etiquetas, a catalogar políticos e adversários. Os portugueses não é isso que esperam de nós, esperam de nós ver se temos a capacidade, o projeto, para os mobilizar e para construirmos um país decente onde nós consigamos viver melhor. Esse é o desafio que temos", rematou.
[Notícia atualizada às 17h09]
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