Para o deputado socialista Sérgio Sousa Pinto, apesar das explicações de Marcelo, há algumas "perplexidades que ficam no ar" no polémico caso das gémeas luso-brasileiras.
"Se havia uma resposta clínica, autorizada, qualificada, a dizer que a administração daquele medicamento era inútil, podendo mesmo ser contraproducente uma vez que outro tratamento estava a ser seguido no Brasil, para que é que o poder político se mete nisto? Para que é que responsáveis insistem neste encarniçamento para se fazer um tratamento, seja ele caro ou barato - no caso, muito caro - se a opinião clínica era negativa? Quem é que se substitui ao critério médico? É evidente que houve uma cunha qualquer. Como se processou, não sabemos exatamente", afirmou em comentário na CNN.
"Portugal é um país de cunhas, toda a gente sabe isto. Faz parte da cultura nacional, talvez com o tempo nos livremos desta chaga", atirou ainda.
Sousa Pinto defendeu, contudo, a conduta dos pais, que de tudo fizeram para salvar as filhas. "Os pais fizeram o papel deles", asseverou.
O caso das gémeas foi revelado numa reportagem da TVI, transmitida no início de novembro, segundo a qual duas crianças luso-brasileiras vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma, - um dos mais caros do mundo - para a atrofia muscular espinhal, que totalizou no conjunto quatro milhões de euros.
Segundo o canal, havia suspeitas de que isso tivesse acontecido por influência do Presidente da República, que negou qualquer interferência no caso - apesar de, esta semana, ter admitido ter recebido um e-mail do filho sobre o tema.
O caso está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República, pela IGAS e é também objeto de uma auditoria interna no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, do qual faz parte o Hospital de Santa Maria.
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