Vital Moreira, constitucionalista e antigo eurodeputado socialista, realçou, na sexta-feira, que a Procuradoria-Geral da República (PGR) "demorou nada menos do que 45 dias para tomar medidas organizativas sobre a investigação do caso Influencer, o que revela que o processo não merece nenhuma celeridade, ao contrário do que foi anunciado".
"Sucede, aliás, que nesse período não houve nenhum desenvolvimento quanto ao inquérito ao primeiro-ministro, que foi enxertado 'a martelo' no processo, não se sabendo ainda por suspeita de que crime", continuou, numa publicação no blogue Causa Nossa.
Vital Moreira argumenta que "pior do que isso, no comunicado de ontem, a PGR diz explicitamente que a investigação do primeiro-ministro seguirá 'em articulação' com as demais vertentes do processo, o que deixa entender que vai demorar tanto tempo quanto este -, o que não promete ser breve".
Por isso, e "a ser assim, António Costa corre o risco de ficar indefinidamente refém da propositada lentidão do Ministério Público (MP), com o óbvio propósito de travar a sua eventual disponibilidade para novos desafios políticos, nomeadamente na União Europeia".
"Pelos vistos, o 'lawfare' do MP contra Costa, consumado com o aleivoso parágrafo final do comunicado da PGR de 7 de novembro, não se satisfaz com a sua demissão do primeiro-ministro e o fim prematuro da legislatura", concluiu o também antigo deputado à Assembleia da República.
Mais, em jeito de conclusão, Vital Moreira lamentou que "quando [António Costa] for ilibado da abusiva suspeita, já terá cumprido, sem acusação nem condenação judicial, a mais pesada pena para um político por vocação: ver suspensa a sua cidadania política".
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