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"Olhem" para os Açores e têm a "antevisão" do que a direita fará no país

O candidato do PS a presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, apontou hoje o acordo do PSD com o Chega e a atual instabilidade política nesta região como exemplo do que a direita fará no país.

"Olhem" para os Açores e têm a "antevisão" do que a direita fará no país
Notícias ao Minuto

18:10 - 06/01/24 por Lusa

Política Açores

"Eu venho de uma região onde o PSD jurou que nunca se aliaria ao Chega. Logo a seguir às eleições, aliaram-se, uniram, e hoje assiste-se ao estertor de um Governo que deu guarida política e institucional à extrema-direita no nosso país", declarou Vasco Cordeiro, numa intervenção no 24.º Congresso Nacional do PS, na Feira Internacional de Lisboa (FIL).

O socialista que governou os açores entre 2012 e 2020 e acrescentou que nesta região autónoma "a direita fez juras à estabilidade", mas "nem aguentaram três anos" no Governo, "por culpa da sua incapacidade de cumprir compromissos, a sua incapacidade de colocar os interesses dos Açores à frente de todos os outros".

"Quando aqui também se ouve que nunca o PSD se aliará ao Chega, olhem para aquilo que aconteceu nos Açores e têm a antevisão daquilo que acontecerá no país", aconselhou, numa alusão às legislativas antecipadas de 10 de março.

Segundo Vasco Cordeiro, os resultados do Governo coligação PSD/CDS-PP/PPM chefiado por José Manuel Bolieiro, com um acordo de incidência parlamentar com o Chega e inicialmente também com a Iniciativa Liberal, foram "a degradação financeira, económica e social da região, o crescimento da dívida pública e do défice sem paralelo na nossa história, atrasos de pagamentos a fornecedores e apoios à atividade económica, indicadores sociais".

"E é por isso, caros e caras camaradas, que eu me apresento novamente ao juízo dos açorianos. Não para acertar contas de 2020, mas por causa do futuro, por causa daquilo que fiz como presidente do Governo e daquilo que aprendi como líder da oposição. É por ser necessário recuperar a confiança nos Açores e nos açorianos, a confiança num projeto ao serviço de uma região melhor e com melhor futuro", afirmou.

Vasco Cordeiro acusou ainda "os partidos da direita, incluindo a extrema-direita" de terem feito falsas promessas de "libertar a sociedade civil, com um Governo pequeno e comedido, com uma gestão rigorosa das finanças públicas" durante a campanha regional de 2020.

"Hoje o que temos é um Governo que fica conhecido por já ter sido o maior Governo de sempre da autonomia regional, tentativa de controlar desde logo a comunicação social, associando à atribuição de apoios públicos uma percentagem do pagamento do salário dos jornalistas", apontou.

Na sua intervenção, elogiou a moção política do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, pelo "compromisso de aprofundamento das autonomias regionais", entre outros pontos, com uma revisão constitucional para "extinção do representante da República".

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, marcou eleições regionais antecipadas para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores para 04 de fevereiro, na sequência do chumbo do Orçamento regional, em 23 de novembro, com votos contra de PS, BE e IL e abstenções do Chega e do PAN.

Vasco Cordeiro sucedeu a Carlos César na liderança do PS/Açores e manteve os socialistas na chefia do Governo Regional, entre 2012 e 2020, conseguindo em duas eleições maioria absoluta no parlamento açoriano.

Contudo, nas regionais de 25 de outubro de 2020, o PS perdeu a maioria absoluta que detinha há 20 anos, apesar de continuar o partido mais votado, elegendo 25 deputados em 57, e acabou por ver formar-se uma maioria alternativa à direita.

PSD, CDS-PP e PPM, que juntos elegeram 26 deputados, fizeram uma coligação de Governo, que tomou posse em novembro, chefiado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, com acordos de incidência parlamentar com Chega e Iniciativa Liberal (IL).

O executivo PSD/CDS-PP/PPM deixou de ter apoio parlamentar maioritário desde que um dos dois deputados eleitos pelo Chega se tornou independente e o deputado da Iniciativa Liberal rompeu com o respetivo acordo de incidência parlamentar, em março de 2023.

[Notícia atualizada às 18h54]

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