Ao fim de mais de 40 anos de militância, o deputado do Partido Social Democrata (PSD) António de Maló de Abreu anunciou, esta quinta-feira, que deixará o partido e que passará à qualidade de não inscrito até ao final da legislatura. O antigo membro da direção de Rui Rio, que foi eleito pelo círculo fora da Europa, negou, contudo, que fará parte das listas do partido de extrema-direita Chega para as eleições de 10 de março, ao contrário do noticiado na noite de quarta-feira pelo jornal Observador.
Por seu turno, o atual líder do PSD, Luís Montenegro, desdramatizou a desfiliação do social-democrata, ao mesmo tempo que rejeitou que a sua saída prejudique a imagem do partido.
Maló de Abreu, que reconheceu que "tão drástica decisão pode ser incompreendida ou mal interpretada", assegurou, em declarações à agência Lusa, que não integrará as listas nem do partido Chega, nem de qualquer outro partido.
"Nego qualquer ida para qualquer partido. […] É um assunto que não se me coloca", disse.
O Notícias ao Minuto já procurou confirmar estas declarações mas, até ao momento, não foi possível.
É que, numa nota escrita enviada ao mesmo meio, o parlamentar explicou que não se revê, "de todo, na estratégia e na forma de se organizar o partido e de agir da sua direção".
"E não me revejo nas suas propostas em áreas sensíveis da governação. Assim como não me revejo na organização da direção do grupo parlamentar do PSD e na sua inação relativamente, nomeadamente, às comunidades portuguesas - a quem devo justificações, porque por ter sido por elas eleito", complementou.
Entretanto, o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, rejeitou que as preocupações do ex-deputado social-democrata tenham sido negligenciadas pela bancada, tendo, inclusivamente, recordado que abriu um debate sobre saúde na semana passada.
Por seu turno, o presidente do PSD, Luís Montenegro, desdramatizou a saída do deputado, tendo apontado que "não há drama nenhum".
"O PSD está unido, está coeso, está forte e está aqui para trabalhar para os portugueses, é isso que nós estamos a fazer. […] O PSD está empenhadíssimo, o PSD está cheio de motivação, como vocês têm acompanhado aqui. Nos mais recônditos lugares do nosso território há sempre gente, há sempre energia, há sempre gente nova a entrar", garantiu, em declarações à imprensa.
Já o presidente do Chega, André Ventura, revelou que as listas de candidatos a deputados do partido contarão com atuais e antigos eleitos pelo PSD, mas recusou confirmar se Maló de Abreu será um deles.
"Não me vou referir a nenhum caso em particular. Não vou confirmar isso, mas também não vou desmentir", disse, ainda que tenha confessado que "veria com bons olhos uma eventual candidatura do deputado Maló de Abreu no grupo do Chega nas próximas legislativas".
Recorde-se que, na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa, a 7 de novembro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou que dissolveria o parlamento no próximo dia 15 de janeiro e que convocaria eleições legislativas antecipadas para 10 de março.
O Conselho Nacional do PSD reunir-se-á na próxima segunda-feira para aprovar as listas de candidatos a deputados, estando a decorrer esta semana as reuniões entre as estruturas distritais e representantes da direção.
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