O presidente do PSD, Luís Montenegro, reagiu, esta quarta-feira, às buscas levadas a cabo no continente e na Madeira e que envolvem o governo regional e a Câmara Municipal do Funchal, dizendo esperar que a investigação em curso "decorra com rapidez".
"Espero que esta investigação decorra com rapidez, com diligência, e que o quadro de suspeita que foi hoje levantado possa ser alterado e esclarecido, de maneira a que não haja responsabilidade por parte do presidente do governo regional, nem do presidente da câmara municipal do Funchal e de outros agentes políticos que possam estar envolvidos", afirmou, em declarações aos jornalistas, já depois de dizer que a situação não tem "impacto direito na campanha" eleitoral, embora cause "perturbação na atenção política que os portugueses têm para com a apresentação de propostas".
O líder social-democrata notou ter ao seu dispor "informação muito limitada", nomeadamente aquela que foi sendo disponibilizada pela Comunicação Social, esperando, desta forma, "que o esclarecimento seja rápido e elucidativo para que haja um funcionamento normal quer dos órgãos políticos quer também da Justiça".
"É evidente que ninguém está acima da lei e não é por estas pessoas exercerem funções em representação do PSD que há um princípio diferente aplicado a todos os demais", acrescentou ainda.
Por outro lado, rejeitou comparar as investigações que atingem o presidente do governo da Madeira e o primeiro-ministro, António Costa, defendendo que "as diferenças são mais do que muitas".
"As diferenças são mais do que muitas. Mas eu não vou estar aqui a deter-me nisso. Quero, aliás, recordar que sou daqueles que emitiu sempre uma opinião, segundo a qual não foi um parágrafo que esteve na génese da demissão do primeiro-ministro", referiu o líder social-democrata.
"Neste momento, com a informação que dispomos, do ponto de vista político, nada se altera", reforçou, explicando que já falou com Miguel Albuquerque, que lhe transmitiu o mesmo que havia dito aos jornalistas.
Miguel Albuquerque disse, menos de uma hora antes, que não se vai demitir do cargo de presidente do governo regional da Madeira, nem mesmo se for constituído arguido, afirmando estar "de consciência tranquila" e sublinhando que a sua prioridade é esclarecer magistrados e colaborar na investigação.
As investigações levaram hoje à realização de buscas nas regiões autónomas e no continente e envolvem titulares de cargos políticos do Governo da Madeira e Câmara do Funchal por suspeita de favorecimento indevido de sociedades/grupos, revelou o Ministério Público.
De acordo com o MP, em causa estão factos ocorridos a partir de 2015, "suscetíveis de consubstanciar crimes de atentado contra o Estado de direito, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, corrupção passiva, corrupção ativa, participação económica em negócio, abuso de poderes e de tráfico de influência".
Segundo a PJ, foram executadas 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias na Madeira (Funchal, Câmara de Lobos, Machico e Ribeira Brava), na Grande Lisboa (Oeiras, Linda-a-Velha, Porto Salvo, Bucelas e Lisboa), em Braga, Porto, Paredes, Aguiar da Beira e Ponta Delgada, nos Açores.
Destas operações resultaram três detidos: o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, o presidente do Conselho de Administração do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o líder do grupo AFA em Braga, Caldeira Costa, segundo avançaram a CNN Portugal e o Observador.
[Notícia atualizada às 17h47]
Leia Também: "Não me vou demitir porque vou colaborar com a Justiça"