"É mais um nome do PSD que está na Madeira há 48 anos. Qualquer que seja o nome é um nome que vai prolongar o sistema a que chamamos 'jardinismo' e que ainda subsiste na Madeira", disse aos jornalistas Rui Tavares, antes de entrar no Palácio da Justiça, em Lisboa, para entregar as listas da candidatura às legislativas de março.
O porta-voz do Livre comentava hoje o processo que envolve Miguel Albuquerque, que se demitiu na sexta-feira após ter sido constituído arguido num inquérito que investiga suspeitas de corrupção, abuso de poder, prevaricação, atentado ao Estado de direito, entre outros crimes.
"Todos os madeirenses e porto-santenses estão é sedentos por haver uma alternativa ao jardinismo, finalmente, passados praticamente 50 anos do 25 de Abril. (...) Com o 'jardinismo' no poder, nem direito a sessão solene na Assembleia Legislativa Regional da Região Autónoma da Madeira há e, portanto, em boa medida é nos 50 anos do 25 de Abril possibilitar que este 25 de Abril seja assumido em pleno também na Região Autónoma da Madeira", salientou.
"Todo o sistema na Madeira (...) é um sistema que já é assim há muito tempo. É o 'jardinismo', com outro nome, mas é o 'jardinismo'. E agora não queremos que venha o 'alburquerquismo' com outro nome", acrescentou.
Rui Tavares alertou ainda para necessidade uma alternativa que "apresente união", lembrando o "muito dinheiro fácil", proveniente do turismo e do imobiliário, que "tem uma grande influência sobre a classe política", apelando a um "renascimento cívico" naquela região.
Além de Miguel Albuquerque, o processo abrange também dois empresários e o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), os três detidos numa operação policial desencadeada a 24 de janeiro sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias cidades do continente.
Hoje, o PSD/Madeira vai reunir o conselho regional para escolher o nome de uma personalidade para liderar o executivo madeirense, até agora presidido por Miguel Albuquerque, à frente de uma coligação PSD/CDS, com o apoio parlamentar da deputada única do PAN, o que garante maioria absoluta ao Governo na Assembleia Legislativa.
Miguel Albuquerque liderava do Governo Regional desde 2015 e tinha sido reeleito nas eleições de 24 de setembro do ano passado.
A Região Autónoma da Madeira realizou eleições para a Assembleia Legislativa em 24 de setembro, pelo que uma eventual dissolução só poderá ocorrer depois de 24 de março, segundo a lei, que impede os parlamentos de serem dissolvidos durante seis meses após eleições.
Já na sexta-feira à noite, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que não toma posição sobre o futuro político da Madeira para dar a possibilidade ao parlamento regional de aprovar o orçamento da região entre 06 e 09 de fevereiro.
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