Estas posições foram assumidas por Pedro Nuno Santos, depois de o PS ter sido derrotado pela coligação PSD/CDS/PPM nas eleições de domingo para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores, obtendo 35,91% dos votos, correspondentes a 23 mandatos, menos dois do que alcançou em 2020.
Perante os jornalistas, o líder socialista saudou a coligação PSD/CDS/PPM pela vitória, mas recusou fazer uma leitura nacional da derrota do PS nas eleições regionais nos Açores, contrapondo que seu partido "continua focado na vitória" nas legislativas de 10 de março.
"Nada mudou sobre isso. Temos a consciência da importância de o PS ter uma maioria para governar com estabilidade que permita ao país continuar na senda do progresso económico e social. Continuamos focados na nossa vitória, com a mesma motivação e força que tínhamos ontem", declarou.
Interrogado sobre o facto de as eleições regionais dos Açores terem sido desta vez mais marcadas do que o habitual pela conjuntura política nacional, o líder socialista alegou que não é comentador.
"Temos respeito pelos açorianos. O que estava em causa nas eleições regionais era o Governo Regional dos Açores, obviamente", insistiu.
No plano nacional, deixou uma garantia perante um cenário em que a AD (Aliança Democrática) vença sem maioria nas eleições legislativas de 10 de março: "Não haja ilusões, o PS não viabiliza um Governo de direita".
"Estamos focados na vitória. Em qualquer outro cenário, é muito difícil, é praticamente impossível que o PS possa viabilizar um Governo de direita. Por duas razões fundamentais, a primeira das quais de ordem democrática, porque seria negativo para Portugal ter o PS e o PSD comprometidos com a mesma governação -- e só haveria um partido a beneficiar verdadeiramente disso", assinalou, numa alusão indireta ao Chega.
A segunda razão, segundo o secretário-geral do PS, é que a visão dos socialistas "está muito distante da do PSD ao nível ideológico".
"E nunca trairíamos o eleitorado do PS. Os nossos eleitores, ao votarem no partido, votam numa determinada visão da sociedade portuguesa e num determinado programa. Portanto, não queria que se criassem ilusões sobre essa matéria", acentuou.
Perante os jornalistas, Pedro Nuno Santos rejeitou também a ideia de que se coloque no PS a responsabilidade sobre a possibilidade de o Chega entrar na esfera do poder.
"Nas últimas semanas, vejo muita gente à procura sobre os responsáveis pela existência do Chega, dizendo que é o PS que tem interesse, que é o PSD que não tem uma liderança forte, ou, ainda, que é o Ministério Público e a comunicação social. Mas o responsável pela existência do Chega é o líder do Chega [André Ventura] -- e esse é o combate que temos de dar a ele e à sua visão do país, que pretende transformar a insatisfação em ódio", acusou.
Pedro Nuno Santos advogou depois que, para que exista um Governo sem influência do Chega, "é importante a vitória do PS".
Interrogado se o PS/Açores deve viabilizar o novo executivo liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, Pedro Nuno Santos disse que "é preciso esperar pelas decisões que forem tomadas pelos órgãos regionais do partido no quadro da autonomia regional".
"Vamos esperar por essa decisão com a certeza que será uma boa decisão apoiada por todos os socialistas no plano nacional. Temos um profundo respeito pela autonomia dos Açores e não me vou substituir aos socialistas açorianos", salientou.
Na sua declaração inicial, o secretário-geral do PS saudou o líder do PS/Açores, Vasco Cordeiro, dizendo que continua a contar com ele nesta região autónoma e considerando que é uma figura "respeitada nos planos nacional e europeu".
"Saúdo também a coligação vencedora na pessoa do seu líder, José Manuel Bolieiro. Quando o PS ganha, ganha todo o PS; quando o PS perde, perde todo o PS. E hoje nós perdemos", assumiu Pedro Nuno Santos.
Nas eleições para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores, a coligação PSD/CDS/PPM venceu com 42,08%, 26 mandatos, menos três do que os necessários para possuir maioria absoluta no parlamento regional, enquanto o Chega passou dois para cinco mandatos em relação a 2020. Face às últimas eleições regionais, o BE desceu de dois para um, o PAN e o Livre mantiveram um deputado cada.
[Notícia atualizada às 07h55]
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