"Eu governarei com uma maioria relativa. E não se trata de uma minoria, uma vitória nunca é uma minoria, é uma maioria de votos e de mandatos", disse aos jornalistas após o seu discurso de vitória, na sede do PSD/Açores, em Ponta Delgada, ao lado do líder social-democrata, Luís Montenegro.
José Manuel Bolieiro disse ainda que não irá "esmagar ninguém", mas sim "governar os Açores" nos próximos quatro anos.
Questionado como é que se aprovam orçamentos sem maioria no parlamento, respondeu: "Como sempre na democracia europeia e ocidental, desde logo, não se pode colocar as maiorias relativas em crise com coligações negativas na oposição"
"E, se o fizerem, cada um assume a sua responsabilidade. Foi assim que aconteceu com a rejeição do Plano e Orçamento [para 2024]", acrescentou.
José Manuel Bolieiro assegurou que fará tudo "para garantir uma estabilidade governativa para os Açores numa legislatura de quatro anos".
Interrogado se estará disponível para um acordo com o Chega, como em 2020, caso o PS não viabilize um Governo de minoria do PSD/CDS-PP/PPM, o líder do PSD/Açores apenas respondeu que "cada um assumirá a sua responsabilidade".
"Eu fui, em coligação, desta feita pré-eleitoral, para eleições. Tivemos uma vitória. Eu não nego, porque disse, de forma cristalina, que queria uma maioria de estabilidade governativa e, desde logo, uma maioria absoluta no parlamento", recordou.
Contudo, acrescentou, "o povo assegurou uma maioria relativa" à coligação, "com pluralidade parlamentar".
"Tal como disse na minha declaração inicial, cada um assumirá a sua responsabilidade", insistiu.
José Manuel Bolieiro lembrou ainda que "o PS liderou uma coligação negativa para rejeitar o Plano e o Orçamento [para 2024] e que provocou as eleições antecipadas".
"Foi derrotado neste seu objetivo e, por isso, eu penso que também o PS tem que fazer esta leitura. Deixar de fazer campanha negativa, de liderar uma coligação negativa", salientou.
O candidato da coligação PSD/CDS-PP/PPM, que lidera o Governo Regional desde 2020, disse ainda acreditar que tem o povo do seu lado, rejeitando ceder a chantagens.
"Eu hoje sou claro, mesmo cristalino. Senti, ao ouvir os resultados eleitorais e com o grau desta vitória eleitoral, repito, de 42%, de seis ilhas em nove ilhas, três concelhos em 19, 106 freguesias em 155. Creio que não há margem para dúvidas que tenho o povo do meu lado e que esta liderança da governação não pode ceder a chantagens", afirmou.
A direita parlamentar conquistou a maioria dos deputados da Assembleia Legislativa dos Açores nas eleições de domingo, com a coligação PSD/CDS-PP/PPM, o Chega e a IL a ocupar 31 dos 57 lugares do parlamento.
A coligação PSD/CDS-PP/PPM garantiu 26 deputados, o Chega cinco e a IL um parlamentar, ou seja, mais dois assentos do que os 29 necessários para assegurar uma maioria absoluta.
Nas eleições de 2020, PSD, CDS-PP e PPM, que então concorreram separados, também conseguiram eleger 26 deputados (PSD 21, CDS-PP três e o PPM dois).
O Chega agora mais do que duplicou o número de deputados, passando de dois para cinco parlamentares, enquanto a IL manteve o lugar que tinha conquistado pela primeira vez em 2020.
À esquerda, o PS conquistou no domingo 23 lugares no parlamento, menos dois que nas últimas regionais, e o BE perdeu um dos dois parlamentares que tinha conseguido eleger em 25 de outubro de 2020.
O PAN voltou a assegurar um assento no parlamento regional.
Estas três forças políticas juntas têm apenas 25 deputados, ficando a quatro da maioria absoluta.
Em novembro, a abstenção do Chega e do PAN e os votos contra de PS, IL e BE levaram ao chumbo do Orçamento dos Açores para este ano e, no mês seguinte, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou a dissolução da Assembleia Legislativa e a marcação de eleições.
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