Invasão da privacidade dos filhos de Rui Tavares marca debate com Ventura
As soluções para o combate à corrupção afastaram hoje o líder do Chega e o porta-voz do Livre, num debate tenso em que André Ventura e Rui Tavares trocaram também acusações de "hipocrisia" e "farsismo".
© Getty Images | Rita Franca/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Política Debate
O presidente do Chega e o porta-voz do Livre estiveram frente a frente num debate no âmbito das eleições legislativas de 10 de março, na SIC Notícias e o confronto ficou marcado pelas fotos tiradas a filhos do líder do Livre na escola privada onde. André Ventura aproveitou a deixa e acusou-o de "hipocrisia".
No que toca à justiça, André Ventura defendeu um aumento de penas para a corrupção, enquanto Rui Tavares considerou necessário apostar na prevenção para que o crime não chegue a ocorrer.
Ventura alegou que o Livre "é completamente contra tudo o que seja pena, prisão e coisas parecidas, o Livre até diz que quer mudar o paradigma prisional em Portugal, no fundo, ninguém fica na prisão, vai toda a gente para casa".
"O Chega trabalha na base de mentiras e na base da criação de rumores, vigarice e por aí fora", criticou o deputado único do Livre.
Rui Tavares defendeu um "acompanhamento muito mais aberto, transparente e responsabilizado, com participação cidadã, de grandes concursos públicos, grandes obras públicas e a execução de fundos europeus" e indicou que este assunto será uma prioridade para o Livre numa eventual negociação com o PS após as eleições.
Os dois líderes partidários trocaram também críticas sobre a ligação a figuras internacionais, com Rui Tavares a sinalizar que o Chega tem como "aliado" o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, "o governante mais corrupto da União Europeia".
"Toda a questão do combate à corrupção na boca de quem é aliado de Orbán, Trump ou Bolsonaro soa como uma farsa [...]. Eu acho que há um bom nome para isto, é o farsismo, são os farsantes", defendeu, afirmando: "farsismo nunca mais".
O presidente do Chega retorquiu que o Livre aplaudiu "um presidente do Brasil que esteve preso por corrupção", referindo-se a Lula da Silva, e alegou também que o partido de Rui Tavares apoia regimes como o de Cuba ou da Venezuela, o que o deputado único negou.
O porta-voz do Livre afirmou que André Ventura elegeu numa entrevista o vice-primeiro-ministro italiano como uma referência, e mostrou uma fotografia de Matteo Salvini usando uma camisola com a cara do Presidente russo, Vladimir Putin.
O líder do Chega assinalou que o seu partido propôs no parlamento que o Governo reconhecesse a Federação Russa como um Estado patrocinador do terrorismo internacional, e que o Livre votou contra.
Rui Tavares alegou que "o Livre apresentou antes do Chega" uma iniciativa para que Portugal levasse os crimes de guerra ao Tribunal Penal Internacional e justificou que não vota a favor de propostas do Chega por uma questão de princípio.
As fotos da discórdia
Logo no arranque, o historiador introduziu no debate uma questão pessoal, criticando o deputado do Chega Pedro Frazão por ter referido no parlamento que os filhos de Rui Tavares frequentam uma escola internacional privada.
Tavares acusou o deputado do Chega de ter usado a sua família "como arma de arremesso político", lamentou que tenham sido publicadas nas redes sociais fotografias tiradas dentro do estabelecimento de ensino, e justificou a escolha da escola internacional com a condição de diplomata da mãe das crianças.
Este tema acabou por dominar a primeira parte do debate e, na resposta, André Ventura disse não ter conhecimento deste assunto e acusou o porta-voz do Livre de "hipocrisia" e de não ser "coerente com o que defende", nomeadamente a escola pública.
Outro tema levado a debate foi a habitação. Neste ponto, o presidente do Chega defendeu a proposta para que o Estado assuma a garantia bancária quanto ao valor da entrada de uma habitação para os jovens.
"Se queremos verdadeiramente resolver o problema da habitação dos jovens temos de começar por algum lado, e o Estado tem de avançar um pouco", sustentou.
O porta-voz do Livre criticou esta proposta, afirmando que o Chega "está a dar à banca o maior presente de todos, as pessoas poderem endividar-se sempre com a garantia do Estado".
"A maneira certa de ajudar os jovens a comprarem casa é através de uma comparticipação da entrada de casa. Ao invés de o Estado ser fiador dos jovens, [...] o que acontece é que há uma comparticipação para os jovens e para a classe média baixa também para poderem ter entrada para uma casa e essa comparticipação é devolvida depois, após um período de carência, ou com juro mais baixo, a partir através de fundo público", sustentou.
Leia Também: Da habitação, justiça e saúde ao 'casamento' da Esquerda. O debate PS/BE
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com