BE culpa PS e PSD pela crise no setor da habitação

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, culpou PS e PSD pela crise na habitação, criticando estes partidos por dizerem que "é impossível" implementar medidas devido a imposições da União Europeia.

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Lusa
21/02/2024 06:13 ‧ 21/02/2024 por Lusa

Política

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Na noite de terça-feira, num comício de pré-campanha para as legislativas de 10 de março, numa lotada Associação de Socorros Mútuos Artística Vimaranense, em Guimarães, no distrito de Braga, a bloquista assumiu lutar "contra os impossíveis" na habitação, lembrando algumas medidas adotadas por PS e PSD ao longo das últimas décadas.

"Há anos que nos batemos contra o PSD, que aprovou uma lei 'Cristas' para subir as rendas e que permitiu despejos, e contra um PS, que manteve essa lei cruel, embora a tenha criticado nessa altura. Há anos que nos batemos contra um regime de 'Vistos Gold', criado por um Governo PSD, na crise da 'troika', para dizer que quem tivesse 500 mil euros podia comprar uma casa em Portugal (...). E o PS manteve esse regime", criticou Mariana Mortágua.

A coordenadora do BE disse que também foram PS e PSD que "em quase meio século partilharam responsabilidades" de não haver um parque público de habitação nem o seu inventário, assim como mantiveram casas fechadas.

"Passamos os últimos anos a alertar para uma crise da habitação, que se agigantava, que crescia a olhos vistos. Ela estava aí para quem a quisesse ver. PS e PSD não a queriam admitir, queriam negar a crise da habitação. Hoje isso mudou, hoje ninguém consegue negar, ninguém tem coragem para dizer que em Portugal não há uma crise na habitação, hoje assumem que há uma crise", declarou Mariana Mortágua.

Apesar de agora reconhecerem haver uma crise, a coordenadora do BE acusou PS e PSD de nada fazerem para a resolver.

"Mas logo a seguir tentam dizer-nos que não há nada que possamos fazer para combater essa crise e para baixar os preços. Que é tudo impossível. Que todas as medidas que temos para apresentar para baixar os preços, sensatas, exequíveis, necessárias, são impossíveis. E como não têm mais nenhum argumento dizem que a União Europeia não deixa. Os que não fizeram dizem agora que gostavam de fazer, mas não podem, estão proibidos, estão impedidos", atirou a líder do BE.

Para Mariana Mortágua os dois partidos dividem as suas propostas entre medidas que falharam no passado ou medidas que falharam no presente, recusando, segundo a coordenadora do BE, "todas as propostas que atacam diretamente as causas do aumento dos preços" na habitação.

"Sabemos quais são as causas do aumento dos preços: são os fundos imobiliários, que querem lucrar com a miséria da vida das pessoas; é a banca, que não se coíbe de apresentar lucros milionários, enquanto as pessoas empobrecem para pagar uma prestação; é a especulação imobiliária, que brinca com a vida das pessoas como se fosse um casino", defendeu a bloquista.

Mariana Mortágua defendeu ainda a limitação do valor das rendas, contrariando a tese de que, também neste particular, a União Europeia impede a sua aplicação, defendida por PS, PSD "a que agora se juntou o PAN", disse Mortágua.

A coordenadora do BE defendeu também que haja orientações, instruções do Estado para a CGD, no sentido de haver uma "estratégia concorrencial" que permita baixar as taxas de juro no crédito à habitação.

O comício ficou ainda marcado pelo facto de uma das pessoas que se encontrava na sala ter interrompido o discurso de Mariana Mortágua, dizendo que, em 01 de abril, vai ser despejada, juntamente com três filhos menores, acrescentando que espera, desde 2018, uma casa do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana.

A líder do BE ouviu o que a moradora tinha para dizer, tendo-a chamado para o palco, onde continuou a expor o seu caso, intervenção que mereceu aplauso dos presentes.

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