O segundo dia da campanha para as legislativas de 10 de março 'aqueceu' durante a tarde, quando o líder da Aliança Democrática (AD), Luís Montenegro, anunciou, numa ação de campanha em Beja, a presença de Pedro Passos Coelho no comício da coligação em Faro, esta noite.
De manhã, durante o debate nas rádios, Luís Montenegro tinha respondido com um "logo vemos" à questão da participação ou não de Pedro Passos Coelho na campanha eleitoral.
O debate na Antena 1, TSF, Renascença e Observador entre sete líderes dos partidos com assento parlamentar - o presidente do Chega, André Ventura, recusou participar -, o último de uma maratona que se iniciou em 5 de fevereiro, permitiu aos candidatos apresentarem soluções que defendem para o país em áreas que, até agora, tinham estado fora da prioridade dos seus discursos, como a política de Defesa e o posicionamento de Portugal face aos conflitos na Ucrânia e na Palestina.
Os líderes concordaram quanto ao reforço do investimento nas Forças Armadas e nos seus profissionais, o que, segundo a maioria, não passa pela obrigatoriedade do serviço militar, com destaque para a valorização dos salários e das carreiras.
Os partidos convergiram também na necessidade de diversificar as fontes de financiamento da Segurança Social, mas divergiram na forma, que vão desde receitas de autoestradas, imposto sobre grandes fortunas, ou privatização da CGD.
Já quanto a cenários de governabilidade após 10 de março, o presidente do PSD voltou a não esclarecer se, em caso de derrota, viabilizará um governo minoritário do PS e acusou Pedro Nuno Santos de ter "versões contraditórias" sobre o que fará, enquanto o secretário-geral do PS voltou a criticar Montenegro por não esclarecer a sua posição.
Montenegro também não respondeu quando Rui Tavares desafiou a direita dizer se aprovará ou não uma moção de rejeição do Chega a uma eventual governação de esquerda.
Ainda no debate, PS e PSD manifestaram-se disponíveis para entendimentos quanto a uma reforma na Justiça, com Luís Montenegro a dar uma nota "mais negativa do que positiva" à procuradora-geral da República, Lucília Gago.
O presidente do Chega, André Ventura, esteve num almoço/comício em Aveiro - o segundo de mais de duas dezenas que estão previstos até ao final da campanha -, onde se comprometeu a recuperar o tempo de serviço dos professores durante quatro anos, de forma faseada.
A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, juntou-se ao protesto dos trabalhadores da Teleperformance, em Lisboa, onde considerou que Portugal não pode ser "a meca dos baixos salários" para as multinacionais.
Já quanto a um eventual acordo pós-eleitoral com o PS, a líder bloquista disse ser "do mais elementar bom senso" que seja escrito, focando-se nos conteúdos desse entendimento que deve ser sobre salários, educação, habitação e saúde.
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, também marcou presença na concentração dos trabalhadores da Teleperformance, expressando o seu apoio à greve e exigindo a valorização dos salários face aos lucros das empresas.
No segundo dia de campanha oficial, o Ministério da Administração Interna anunciou que estavam inscritos, até às 12:00 de hoje, mais de 90.000 eleitores para votar antecipadamente em mobilidade, em 03 de março.
Surgiram também avisos de organizações internacionais: a Amnistia Internacional defendeu como fundamental que Portugal tenha um Governo e um parlamento empenhados em defender os direitos humanos, enquanto a agência de notação financeira DBRS alertou para um potencial atraso na implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), caso o resultado eleitoral obrigue a negociações prolongadas ou gere instabilidade política.
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