Pelo segundo dia consecutivo, Portugal continua a ser notícia nos jornais internacionais, esta terça-feira, onde é feito destaque para a subida do partido de extrema-direita Chega nas eleições legislativas.
Em Espanha, o El Pais dedicou o seu editorial aos resultados políticos, começando por salientar que o dia de domingo ficou marcado pelo facto de os portugueses terem ignorado a sua habitual "apatia eleitoral" e se deslocarem massivamente às urnas, uma situação que dizem ter sido "aplaudida por todos os partidos".
A manchete do El Mundo voltou-se para o líder do Chega. "André Ventura, o arquiteto do sucesso do Chega", lê-se no título. No texto é feita uma pequena descrição sobre o político, onde afirma que "arrasa nas redes sociais e é muito popular entre os jovens". "Atribui os problemas [do país] aos imigrantes, à corrupção e ao desperdício".
"A imigração descontrolada, a insegurança palpável, a corrupção generalizada e o desperdício insustentável povoam as mensagens e o seu programa", destaca-se ainda.
Nas capas dos jornais La Vanguardia e La Razón, há duas chamadas de capa para o tema. "O auge da ultra [Direita] ameaça a estabilidade da política portuguesa", lê-se no La Vanguardia, ao passo que, no La Razón, lê-se: "Eleições em Portugal: os conservadores governarão em minoria".
Também na capa do La Voz de La Galicia lê-se que "a direita portuguesa opta por um governo minoritário sem os populistas do Chega".
Já em França, o Libération partilhou um artigo de opinião do jornalista Jonathan Bouchet-Petersen, com o título "Em Portugal, como em todo o lado, os 'amigos' de Marine Le Pen são de extrema-direita, que surpresa!", acompanhado de uma fotografia da líder da União Nacional francesa e André Ventura.
"Diga-me quem são os seus amigos, eu direi quem é. A fórmula não é isenta de falhas, mas muitas vezes é reveladora. Observar quem são os aliados de Marine Le Pen, ou mais concretamente de Jordan Bardella, dentro do grupo Identidade e Democracia (ID) no Parlamento Europeu já é um bom indicador", refere o texto.
Numa chamada de capa do jornal Le Monde lê-se também que "em Portugal, [houve] forte impulso da extrema direita nas eleições legislativas" e no jornal Le Fígaro lê-se que "em Portugal, a Direita [está] em busca de uma coligação após a sua vitória".
Também no Brasil foi dado destaque aos resultados das eleições legislativas portuguesas novamente. "Formar governo sem a ultradireita é novo desafio para aliança vencedora em Portugal", lê-se no título da notícia da Folha de São Paulo, que dá conta ainda que "a exclusão da terceira força política mais votada complica significativamente o arranjo do executivo à Direita". "A sigla populista obteve mais de 18 % dos votos e garantiu 48 deputados, quadruplicando as atuais dimensões da bancada, que tinha 12 representantes".
Na capa da edição de hoje do Correio Braziliense, Portugal foi também destaque. "Eleições apontam guinada à Direita em Portugal", é o título da notícia.
Na Alemanha, a Deutsche Welle noticia que "o futuro da política portuguesa permanece incerto, depois de as sondagens terem visto a Aliança Democrática, da oposição, de centro-direita, assumir uma liderança sobre o Partido Socialista, de centro-esquerda, no poder, mas ficar aquém do número de assentos necessários para uma maioria governamental".
"O desempenho do Chega no domingo representa o desafio mais sério até agora ao domínio dos dois principais partidos centristas - ambos em vigor desde a consolidação do regime parlamentar de Portugal no final da sua ditadura fascista em 1974", refere-se ainda.
Em Itália, o jornal italiano La Repubblica tem também uma chamada de capa para os resultados das legislativas em Portugal. "Portugal, o belo do milagre socialista".
Recorde-se que a coligação AD, que junta PSD, CDS e PPM, conquistou 28,63% dos votos, conquistando 76 deputados. Contudo, a estes juntam-se os três deputados do PSD eleitos pelo círculo da Madeira (0,86% dos votos), o que colocou a Direita na frente. Seguiu-se o PS, que conquistou 28,66% dos votos, o que se traduz em 77 deputados.
O Chega, liderado por André Ventura, foi o partido que mais cresceu em número de votos (18,06%), tendo conseguido 48 eleitos.
Por apurar estão os quatro lugares da emigração, que o PS ganhou em 2022, com três mandatos.
Veja as capas dos jornais na galeria acima.
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