Miguel Pinto Luz, vice-presidente do PSD, concedeu uma entrevista à Rádio Renascença e ao Público em que revela o motivo pelo qual houve uma ascensão do Chega nestas eleições legislativas. Assumindo que a vitória da Aliança Democrática foi tímida, o social democrata afirma, porém, que prefere ver o "copo meio cheio".
Miguel Pinto Luz começa por defender que a agenda do partido "era mobilizadora" mas que este se viu confrontado com uma realidade "que é o cidadão dizer: 'por que é que agora é que eu vou acreditar em vocês?"
"São pessoas que estão absolutamente descrentes no sistema, absolutamente descrentes nos políticos e, pior, absolutamente descrentes nas marcas partidárias existentes", reforça, justificando assim o aumento de votos no Chega.
"André Ventura vale tudo, valem políticas à Esquerda e à Direita. Ele ganha no distrito de Lisboa em bairros sociais e no Algarve em concelhos mais empobrecidos. André Ventura é um populista que vende tudo e o seu contrário, que defende de manhã uma coisa, à tarde outra. Isso não é credível, mas as pessoas votaram lá e, portanto, temos de ter cuidado com essas pessoas e temos de acarinhar esse eleitorado", considera.
Nessa senda, reforça ainda que o partido não pretende discutir com o Chega, até porque "o Chega move-se por ódio. Nós movemo-nos por uma enorme paixão pelo país e por uma enorme preocupação dos portugueses".
Reconhecendo que a AD ficou à frente por muito pouco, o político 'laranja' diz que vê "o copo meio cheio" e defende que ainda assim existem "muitas condições de governabilidade" - e lembra que "o interesse dos portugueses tem de ser colocado primeiro" uma vez que o país "não aguenta mais crises, não aguenta mais a política de "terra queimada".
O social democrata diz também que acha que será possível dialogar com o PS e considera que "este resultado é claro no sentido de dizer que os dois maiores partidos da democracia portuguesa são o PS e o PSD. Não é a primeira vez [que surge um terceiro partido forte]".
Recorde-se que os resultados provisórios das eleições legislativas de domingo divulgados pelo Ministério da Administração Interna, quando faltam contar apenas os votos dos círculos da Europa e Fora da Europa (quatro mandatos no total), mostram que a Aliança Democrática conquistou 29,49% dos votos e 79 lugares no Parlamento - três dos quais foram eleitos pela coligação Madeira Primeiro, que não contém o PPM.
Logo a seguir está o PS, que obteve 28,66% dos votos, assegurando 77 mandatos.
Em terceiro lugar ficou o Chega, com 18,06% dos votos e 48 mandatos, quadruplicando o tamanho do grupo parlamentar que tinha formado em 2022. A quarta força política é a Iniciativa Liberal (IL), com 5,08% e oito mandatos, seguida pelo BE, com 4,46% e cinco deputados.
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