PS propôs ao PSD liderança repartida: "Solução politicamente possível"
O PS propôs ao PSD que a presidência da Assembleia da República seja repartida, proposta que os sociais-democratas aceitaram, revelou hoje o líder parlamentar socialista, indicando que esta é "uma solução politicamente possível".
© Lusa
Política PS
"A nossa proposta, que naturalmente, já sabemos, teve o acolhimento do Grupo Parlamentar do PPD/PSD, é uma proposta que permite desbloquear já hoje a liderança desta instituição, fazendo com que durante os próximos dois anos, nas duas próximas sessões legislativas, o presidente da Assembleia da República seja o nome indicado pelo PPD/PSD e que nas sessões legislativas sequentes a liderança da Assembleia da República seja assegurada por um parlamentar do Grupo Parlamentar do PS", afirmou Eurico Brilhante Dias, sem confirmar se será Francisco Assis.
De acordo com o socialista, esta é uma solução que permite "acabar com este impasse que degrada a imagem das instituições".
"Esta é uma solução politicamente possível entre duas instituições e entre cavalheiros", assinalou.
Eurico Brilhante Dias falava aos jornalistas na Assembleia da República, enquanto ainda decorria a reunião do Grupo Parlamentar do PS, confirmando notícias que foram sendo veiculadas por alguns órgãos de comunicação social.
"Nós apresentámos um compromisso institucional para resolver um problema institucional", salientou, defendendo que "era e é necessário resolver um impasse institucional que muito penaliza a Assembleia da República e a perceção que todos os cidadãos e cidadãs têm da vida política".
À pergunta se o candidato do PS voltará a ser o deputado Francisco Assis, que falhou a eleição na terça-feira, o líder parlamentar socialista respondeu apenas: "Não quer falar de nomes. Naturalmente, o nosso candidato que, aliás, ganhou das votações, foi o deputado Francisco Assis.
Questionado se o Regimento da Assembleia da República permite esta solução, Eurico Brilhante Dias indicou que este entendimento "precisa de um conjunto e condições, mas é possível de executar politicamente".
Eurico Brilhante Dias salientou que este é apenas "um compromisso institucional que nada tem de programático e não altera a condição em que o Partido Socialista é a força política que lidera a oposição em Portugal, com um programa político bem distinto daquele que é apresentado pela direita pela AD".
O deputado socialista acusou ainda a "direita parlamentar" de não oferecer "nenhuma solução estável, quer no parlamento quer no Governo", e afirmou que "a direita é, ela própria, um fator de instabilidade na vida política e na vida dos portugueses".
Os deputados voltam hoje a reunir-se em plenário às 15:00 para tentar eleger, pela quarta vez, o presidente da Assembleia da República, depois das três tentativas falhadas na terça-feira.
A eleição do presidente da Assembleia da República tem de ser realizada na primeira reunião plenária da legislatura por maioria absoluta dos votos dos deputados em efetividade de funções (116).
Na terça-feira, a primeira eleição do presidente do parlamento, feita por voto secreto, começou pelas 15:00, apenas com o deputado social-democrata José Pedro Aguiar-Branco como candidato.
Pelas 17:00, era anunciado o primeiro falhanço desta eleição para presidente da Assembleia da República, já que o antigo ministro da Defesa obteve 89 votos a favor, 134 brancos e sete nulos.
Cerca de uma hora depois o PSD retirou a candidatura, mas pelas 19:00 o antigo ministro da Defesa voltou a reapresentá-la.
Pela mesma hora, o PS decidia avançar com a candidatura de Francisco Assis e o Chega de Manuela Tender.
Na primeira volta, o socialista vence por uma margem curta (90 contra 88 de Aguiar-Branco) e a deputada do Chega ficaria pelo caminho com 49 votos.
À segunda volta - terceira tentativa de eleição -, repete-se novo falhanço, com resultados muito semelhantes: 90 votos para Assis e 88 para Aguiar-Branco, sem que nenhum conseguisse a necessária maioria absoluta de votos favoráveis.
[Notícia atualizada às 14h09]
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