Um dos temas centrais da intervenção do líder socialista, Pedro Nuno Santos, no debate quinzenal no parlamento foi a situação da economia, tendo afirmado não estar "tão otimista" quanto o primeiro-ministro em relação à economia, uma vez que há uma "vaga de despedimentos coletivos a assolar" o país e uma situação muito difícil em setores como o têxtil e o automóvel.
"Nós precisamos de facto de uma estratégia para transformar a economia portuguesa. Desde a sua eleição até ao dia de hoje não ouvimos da parte do primeiro-ministro uma visão estratégica. Não há ninguém que conheça as prioridades deste governo e do senhor primeiro-ministro", acusou Pedro Nuno Santos, questionando Montenegro sobre quais são as prioridades e a estratégia.
Numa das respostas, o primeiro-ministro considerou que Pedro Nuno Santos "clama muito pela estratégia económica do governo" e de "forma repetitiva porque não quer se se fale" da estratégia que o PS defende, perguntando a Pedro Nuno Santos quais seriam os setores da economia que não apoiaria.
Luís Montenegro assegurou que Governo acompanhará a atividade das empresas e estará ao seu lado com "contributos para a superação das dificuldades", mas deixou uma garantia: "nós não vamos criar mais Efacec em Portugal. Essa é uma regra de ouro do nosso Governo".
"O senhor primeiro-ministro está mais confortável no fato de líder da oposição do que de primeiro-ministro. Gosta muito de falar dos oito anos da oposição, mas os portugueses querem falar da sua governação", contrapôs Pedro Nuno Santos, avisando que "quando se quer apoiar toda a gente não se apoia ninguém".
Para o secretário-geral do PS, "aquilo que fica claro" é que Montenegro "não tem uma estratégia para a economia". Pedro Nuno defendeu que "não vale a pena apontar o dedo à esquerda intervencionista", voltando a referir-se às escolhas do antigo primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva na década de 90 com o relatório Potter.
Outro tema que foi trazido por Pedro Nuno Santos foi a questão do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, tendo o líder socialista referido que aquando da apresentação da solução do Governo, o PS tinha dito "que era impossível aumentar-se o número de movimentos por hora no aeroporto sem avaliação de impacto ambiental", algo que o Governo disse não ser necessário.
"Foi só esperar até dezembro para a APA dizer que sim, que é necessária uma avaliação de impacto ambiental. Se esta avaliação terminar com uma DIA [declaração de impacto orçamental], nós vamos provavelmente perder dois a três anos face ao programa inicialmente apresentado pelo senhor ministro", disse.
A pergunta do líder do PS a Montenegro foi qual é a solução do Governo para aumentar a capacidade aeroportuária da região de Lisboa "até à inauguração longínqua do novo aeroporto de Lisboa".
Na resposta, Montenegro considerou que "como diz o adágio popular pela boa morre o peixe" e referiu que o programa de expansão do aeroporto Humberto Delgado, "no essencial, foi herdado" das decisões de Pedro Nuno Santos então como ministro e que "não saíram do papel e não chegaram ao terreno".
"Eu não deixo de ficar um pouco surpreso por esta deriva de masoquismo político que significa o senhor deputado instar-me a justificar porque é que nós estamos a fazer hoje aquilo que se propôs fazer e que durante anos nunca fez", respondeu o primeiro-ministro.
Montenegro referiu que o assunto "está a ser dirimido judicialmente" e o Governo vai apresentar "no sítio certo a contestação".
"Mas há uma coisa que já aconteceu: as obras já foram adjudicadas", disse.
Em 09 de janeiro foi noticiado que o Governo iria apresentar uma contestação à ação administrativa avançada pelo Ministério Público que pode atrasar as obras de melhoria do aeroporto Humberto Delgado.
[Notícia atualizada às 17h40]
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