Em declarações aos jornalistas no final da sessão solene comemorativa dos 50 anos da Revolução dos Cravos, o comunista afirmou que Marcelo Rebelo de Sousa fez "uma intervenção circunscrita a figuras, nomes, passando por cima de dois aspetos fundamentais, desde logo, das opções políticas que conduziram a estes diferentes momentos que o Presidente caracterizou, e passando por cima de uma realidade concreta da vida das pessoas e das soluções que se abriram com este Abril de 50 anos e que é preciso concretizar".
Paulo Raimundo disse acompanhar o chefe de Estado na "ideia de que a democracia exige que se dê respostas à maioria das pessoas" e defendeu que "isso tem de ser acompanhado de medidas concretas", como "mais salários, acesso ao Serviço Nacional de Saúde, acesso à educação, menos precariedade, menos horários desregulados, menos aquilo que pressiona a vida da maioria da população".
"Nós achamos que o senhor Presidente da República, fazendo uma afirmação genérica sobre as dificuldades em que as pessoas vivem, esqueceu-se de ir ao concreto, passou ao lado do concreto da vida", criticou.
Paulo Raimundo afirmou que nas últimas cinco décadas o país tem vivido "um processo de política de direita com melhorias extraordinárias do ponto de vista do pós revolução, naturalmente, mas que está a trazer e a empurrar para um caminho de acentuar desigualdades" e salientou que Abril "foi feito para dar resposta à maioria e não à minoria".
"E é esse caminho que é preciso ser revertido, é esse ciclo da política de direita que é preciso de uma vez por todas pôr fim, e retomar o caminho de Abril, o caminho da justiça", defendeu, pedindo que os direitos consagrados na Constituição, que "custaram tanto a construir, tenham expressão na vida de toda a gente".
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