BE quer alargar semana de 4 dias, mais férias e nova licença parental

O BE quer o projeto da semana de quatro dias de trabalho alargado a mais empresas, aumentar para 25 o número de dias de férias por ano e criar uma nova licença para pais com crianças até oito anos.

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Lusa
08/05/2024 11:41 ‧ 08/05/2024 por Lusa

Política

Mariana Mortágua

Estas três propostas foram apresentadas esta manhã pela coordenadora do BE, Mariana Mortágua, em conferência de imprensa na Assembleia da República, com a bloquista a desafiar os restantes partidos a aprovar as iniciativas que visam reduzir o tempo laboral num país no qual existe "excesso de horário de trabalho e pouco salário".

Mariana Mortágua começou por afirmar que os resultados da primeira reunião da concertação social com a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, que decorreu terça-feira, "são uma mão cheia de nada".

"Um compromisso vazio sobre uma suposta revisão do acordo de rendimentos sem qualquer compromisso sobre horário de trabalho, regulação do trabalho, melhorias das condições de trabalho, sobre o aumento do salário", criticou Mariana Mortágua.

A bloquista considerou que "não há qualquer caminho que possa ser vislumbrado por parte do Governo" minoritário PSD/CDS-PP para resolver o excesso de carga de trabalho em Portugal e os baixos salários, avançando com um pacote de propostas.

Na ótica do BE, o país já "produz o suficiente para reduzir o horário de trabalho", propondo o alargamento da experiência de trabalho de quatro dias e a criação, por parte do IEFP, de um "mecanismo permanente para apoiar as empresas para cada vez mais adotarem este modelo de trabalho que é desejado pelas empresas e também pelos trabalhadores".

O grupo parlamentar bloquista quer ainda criar uma nova licença de cinco dias por ano, "sem qualquer justificação ou atestado", para pais com filhos até aos oito anos e o regresso dos 25 dias de férias anuais, retirados pela "intervenção da 'troika'".

Além disto, o BE propõe que seja dado ao trabalhador uma dispensa no dia do seu aniversário, sem perda de remuneração, prática já adotada por algumas empresas mas que os bloquistas querem ver alargada a todas as empresas do setor público.

O BE vai agendar o debate destes projetos para o dia 22 de maio, juntamente com os seus projetos que visam combater a crise da habitação, considerando que são duas matérias que fazem parte do mesmo problema: "quem não tem tempo para viver, e quem não tem onde morar não tem uma vida digna, não tem uma vida boa".

"O trabalho não pode ser uma prisão. E está mais do que provado que mais horas de trabalho não quer dizer mais produção, nem maior produtividade. No século XXI não podemos ter horários de trabalho do sec XX ou XIX", defendeu.

A coordenadora do BE foi também questionada sobre o anúncio de que o Chega vai  propor que o parlamento avance com uma ação criminal contra o Presidente da República por traição ao país e à Constituição, na sequência das declarações sobre eventuais reparações a ex-colónias.

"Eu acho que o parlamento se poderia dedicar a discutir a redução do tempo de trabalho para todas as pessoas que não têm tempo para viver e o direito à habitação. Essas são as questões que importam e que preocupam as pessoas. O resto são disparates sem nome e era importante que a Assembleia da República não se perdesse com este tipo de jogadas e se pudesse focar no essencial", respondeu. 

[Notícia atualizada às 12h06]

Leia Também: Governo "instruído pelos patrões"? Mortágua quer saber se haverá aumentos

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