"Achamos que é possível que à esquerda se construa uma alternativa, um programa de governação alternativo da Madeira, mas envolvendo todos os partidos de esquerda, e não um ou dois", disse o candidato numa iniciativa da campanha eleitoral no centro da cidade de Machico, no extremo leste da ilha da Madeira.
Roberto Almada acrescentou que "essas conversas terão que existir se a geometria parlamentar disser que é possível fazer, constituir, essa maioria à esquerda".
O cabeça de lista às eleições regionais antecipadas de 26 de maio reforçou que "não existe nenhuma alternativa política sem o reforço do Bloco de Esquerda, sem mais deputados do Bloco de Esquerda".
Acrescentou, ainda, que serão estes eleitos que vão "obrigar" "que essa alternativa seja realmente uma alternativa e não uma mera alternância" política na região.
Roberto Almada salientou que os madeirenses "falam da necessidade de mudança" porque estão "muito envergonhados" com a situação decorrente da investigação judicial que resultou na constituição como arguidos dos presidentes do Governo Regional, Miguel Albuquerque, e da Câmara do Funchal, Pedro Calado.
"A Madeira e os madeirenses parece que acordaram para uma realidade que o Bloco de Esquerda há tanto tempo já denuncia", apontou o candidato, que foi coordenador do BE e deputado no parlamento regional, recordando que desde 1976 que o partido denuncia "ligações perigosas entre os grupos económicos e o poder regional".
"Mas parece que os madeirenses agora perceberam que algo não vai bem no reino da Madeira e, desse ponto de vista, há uma vontade de mudança que é expressa pelas pessoas", complementou.
Almada reiterou que "uma mudança política tem que ter uma nova alternativa e não uma mera alternância" que não será possível sem o reforço do BE.
Questionado sobre as afirmações de hoje do presidente do Governo Regional e líder do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, que classificou como sendo um "perigo" a constituição de uma "geringonça" de esquerda na região, o candidato disse considerar que estas declarações evidenciam que o líder social-democrata madeirense "tem medo de democracia".
"Nós não temos medo da democracia. Não há riscos. O risco é para ele [Miguel Albuquerque], se o PSD deixar de ser governo na região. Nós não encaramos o poder e os cargos políticos de forma pessoalizada. O que interessa é o bem-estar das pessoas", argumentou.
No seu entender, "neste momento, este Governo Regional não responde aos problemas que as pessoas têm", nomeadamente a falta de habitação, o risco de pobreza e "tantos males sociais de que a Madeira padece".
Roberto Almada realçou que "este modelo [de governação do PSD] está esgotado e só uma mudança, com um voto no BE, obriga a que essa mudança se efetive", reafirmando "que é possível ter um governo alternativo"."
"Portanto, os riscos em democracia existem, mas nós não podemos ter medo da democracia", concluiu.
As legislativas da Madeira decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.
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