A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, acusou o Governo de "perseguir" as diferentes figuras que têm sido afastadas - ou que têm apresentado a sua demissão - dos cargos de chefia em diferentes instituições públicas nas últimas semanas, sendo o mais recente caso o da presidente do Instituto da Segurança Social, Ana Vasques.
"É normal que um Governo, quando entra em funções, queira ter pessoas da sua confiança e que concordam com a sua linha política nas mais variadas áreas da Função Pública. O que não é normal é que para o fazer esteja a perseguir as pessoas que ocupavam esses cargos, porque é um insulto ao trabalho das pessoas", disse Mortágua desde Lisboa, onde marcou presença na greve da Função Pública.
Aos jornalistas, a coordenadora bloquista criticou que "as pessoas que lideravam estas instituições" estão a ser "humilhadas em praça pública" e alvo de "críticas e acusações de incompetência".
"Na verdade, sabemos que o Governo quer é pôr pessoas da sua confiança nestes lugares. É legítimo que o queira fazer, mas então que assuma isso, em vez de humilhar as pessoas que prestaram um serviço público, concordemos mais, ou menos, com esse serviço", disse.
Referia-se Mariana Mortágua a casos, por exemplo, como o do presidente da Agência para a Modernização Administrativa (AMA), que foi exonerado no início desta semana, e que admitiu contestar judicialmente a medida da ministra da Juventude e da Modernização, Margarida Balseiro Lopes.
João Dias disse-se, em declarações ao jornal Eco, "surpreendido com o comportamento da ministra", pois "o conselho diretivo da AMA só teve duas reuniões com a ministra de cinco minutos cada".
Desde Lisboa, com a manifestação da Função Pública marcada para esta sexta-feira como pano de fundo, Mariana Mortágua recusou que se trate de "saneamento político". "O que [o Governo] não pode fazer é esta substituição de lugares acusando as pessoas de incompetência e humilhando as pessoas e os serviços", retorquiu, assegurando que o Executivo faria "melhor" se "admitisse que está a fazer nomeações políticas e que admitisse que isso é normal".
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