"Como já vem sendo dito, [os resultados] espelham claramente aquilo que é a erosão e o desgaste que tem sido associado a estes 48 anos de PSD enquanto partido que governa na região", disse Teresa Ruel, em declarações à agência Lusa.
O PSD/Madeira voltou a vencer no domingo as legislativas regionais sem conseguir, pela terceira vez consecutiva, a maioria absoluta, mas afirmou-se disponível para assegurar um "governo de estabilidade", enquanto o PS considerou haver margem para construir uma alternativa.
Segundo os resultados oficiais provisórios da noite eleitoral divulgados pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, as eleições de domingo na Madeira foram ganhas pelo PSD, que obteve 36,13% dos votos (49.103) e elegeu 19 deputados, tendo falhado a meta dos 24 para conseguir maioria absoluta.
Seguiu-se o PS com 11 deputados, o JPP que subiu para nove, o Chega conseguiu quatro, o CDS-PP dois e a IL e o PAN elegeram um representante cada.
A CDU (PCP/PEV) e o Bloco de Esquerda (BE) falharam a eleição de deputados, tal como PTP, Livre, ADN, MPT e RIR.
De acordo com a professora de ciência política e especialista nas autonomias regionais, o PSD "averbou o pior resultado de sempre nestas eleições", lembrando que, neste momento, a dificuldade "é perceber onde e como vai encontrar apoio, seja parlamentar, ou no governo, para conseguir alguma estabilidade no sentido de conseguir governar".
A solução, de acordo com a politóloga, pode ser constituída "pela via maioritária, encontrando alguns parceiros e fazendo alguns entendimentos", ou então fica "numa situação minoritária", que segundo Teresa Ruel "é uma novidade no quadro do sistema político regional".
"Este score [resultado] eleitoral do PSD é muito abaixo daquele que foi obtido nas ultimas eleições, em setembro. Portanto, há aqui uma exigência suplementar no sentido de encontrar, efetivamente, entendimentos e negociações que têm que existir", referiu.
Segundo Teresa Ruel "ainda não é clara a solução a vislumbrar", considerando que ainda "está tudo em aberto" para a construção da solução governativa.
Apesar dos partidos da direita se manterem no parlamento regional, a politóloga considera que "não é claro" que essa seja a solução imediata a adotar, desconhecendo, igualmente, se os partidos "aceitam uma eventual conversa com o PSD".
"Temos o CDS e o PAN com mandatos eleitos, mas é curto do ponto de vista da aritmética, se quisermos fazer esse exercício. Agora, se é suficiente para manter aquele que será o mandato de quatro anos, essa continua a ser uma incógnita e, de resto, qualquer solução à esquerda ou à direita parece-me estar aqui ainda muito incipiente de vislumbrar essa solução", reconheceu.
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