Num comício no Jardim Público de Beja, João Oliveira defendeu que, nas últimas eleições legislativas, os partidos começaram a falar de salários porque a CDU colocou a questão do seu aumento geral "como prioridade na discussão".
"Também nestas eleições para o Parlamento Europeu, mesmo aqueles que não têm sequer nos seus compromissos eleitorais escrita uma vez a palavra salários, como é o caso do Chega e da Iniciativa Liberal (IL) já foram obrigados a ter de se posicionar perante isso", defendeu.
Esta ideia foi também defendida pelo secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, que, depois de João Oliveira, acusou os restantes partidos de quererem "desviar as atenções" das suas responsabilidades e perder tempo "com picardias, arrufos, nomes para aqui e para ali" e "terminologias muito elaboradas".
"Pois podem tentar fazer o que quiserem: aqui está o João, aqui estão os candidatos e ativistas da CDU, que vão obrigar, é que vão mesmo obrigar: eles vão ter de falar de saúde, de salários, de direitos, de reformas, da natureza da água. E vão ter de falar de paz, vão ter de falar, nem que seja uma vez, de paz!", exclamou.
Durante este comício que, apesar dos 30 graus, foi seguido por mais de uma centena de simpatizantes da CDU, o antigo deputado do PCP João Dias, que é também enfermeiro, anunciou que 183 profissionais de saúde assinaram um apelo ao voto na CDU, salientando que a "ameaça da perda do SNS e entrega aos grupos económicos que fazem negócio com a doença é uma ameaça real".
"É importante ter no Parlamento Europeu quem defenda o SNS em Portugal. A CDU e o João Oliveira podem contar com os profissionais de saúde e nós contamos com a CDU sempre ao nosso lado", disse.
João Oliveira considerou que este manifesto de 183 profissionais de saúde é um "elemento significativo", porque "ninguém como eles tem noção do caminho para o qual Portugal tem sido empurrado, quer por ação dos governos do PS, PSD e CDS, quer pela subalternização e pela submissão da política desses governos em relação às imposições da União Europeia".
"O caminho para que Portugal tem sido empurrado é um caminho de transformação dos direitos em áreas de negócio, de destruição dos serviços públicos para que se abra campo ao negócio que se faz da doença", criticou.
O cabeça de lista da CDU considerou que, também na área da saúde, se está a assistir a uma perda de soberania ao nível europeu, apelando a que se "rejeito por completo a chamada União Europeia da Saúde".
Para João Oliveira, esse programa europeu para a saúde "mais não é do que entregar à Comissão Europeia o comando sobre os destinos do SNS".
É "entregar à Comissão Europeia e às instituições europeias a capacidade de decidirem da fragilização ainda maior da resposta pública às necessidades de saúde do nosso povo, para alargar o campo de negócio, o campo desse negócio milionário com que se acumulam milhões à custa da doença dos povos", criticou.
Para João Oliveira, "essas decisões afastam do controlo democrático das populações a exigência de uma política de saúde que dê resposta às suas necessidades, naturalmente abrindo caminho ao avanço dos interesses do capital multinacional na área da saúde".
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