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BE critica atuação do IHRU no bairro de Penajoia. Há risco de despejos

A coordenadora do BE criticou hoje a atuação do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) no bairro de Penajoia, em Setúbal, acusando o Estado de ignorar os cerca de 400 moradores que receiam ser despejados esta semana.

BE critica atuação do IHRU no bairro de Penajoia. Há risco de despejos
Notícias ao Minuto

20:58 - 09/07/24 por Lusa

Política Bloco de Esquerda

"O IHRU, e este é um terreno do IHRU, comportou-se como o pior dos proprietários privados. Chegou aqui, afixou um edital numa parede e disse que têm um mês para sair porque estas casas vão ser despejadas e demolidas. Ou seja, é o próprio Estado que olha para um bairro onde vivem 400 pessoas, tantas crianças que, caso contrário, estariam na rua, e que olha para este bairro e só vê chapa", criticou a coordenadora bloquista.

Mariana Mortágua visitou esta tarde o Penajoia, um bairro autoconstruído num terreno propriedade do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), que cresceu durante a pandemia de covid-19 para albergar famílias que ficaram sem quaisquer alternativas habitacionais.

Em 12 de junho, o IHRU informou os moradores do bairro, através de um edital afixado nas paredes, que pretende a partir de quarta-feira proceder à "remoção de construções, bens, produtos ou resíduos dos terrenos" dos quais é proprietário e onde se ergue o bairro.

Na semana passada, o IHRU assegurou que não serão realizadas desocupações de casas no bairro em Almada sem que sejam providenciadas previamente alternativas habitacionais adequadas aos respetivos agregados familiares, mas os moradores manifestaram-se hoje receosos com o que poderá acontecer na quarta-feira.

Rodeada de alguns dos moradores do bairro, incluindo várias crianças, Mortágua acusou o IHRU de não ver "seres humanos, vidas, famílias, crianças ou percursos de vida" mas apenas "um bairro para destruir".

"Foi a mobilização destes moradores e o facto de se terem juntado e ter criado protagonistas que permitiu que o IHRU tivesse aparentemente recuado. Foi possível ir à Câmara Municipal. O IHRU diz que, enfim, poderá não demolir algumas, poderá fazer uma limpeza. Não há certezas", alertou.

Realçando que a "crise habitacional em Portugal tem várias facetas", a bloquista criticou ainda o facto de a Câmara Municipal de Almada, liderada pela socialista Inês de Medeiros, "lavar as mãos" e responsabilizar apenas o IHRU pela situação.

Mariana Mortágua e uma comitiva do BE, que incluiu a deputada bloquista eleita por Setúbal, Joana Mortágua, visitaram o bairro e ouviram os receios dos moradores, que vivem em casas com escassas condições habitacionais, construídas num terreno de terra batida.

Muitos moradores não vão trabalhar na quarta-feira com receio de que, com as casas vazias, o IHRU decida demoli-las, explicou Rosana Silva, que vive no bairro há cinco anos e que "não tem solução" sem ser viver neste local.

"A luta ainda não terminou porque não sabemos a partir de amanhã o que vai acontecer. (...) O grande dia 10 está a chegar, amanhã, e depois o que vai acontecer?", questionou.

Rosana negou qualquer tipo de intenção de violência esta quarta-feira e pediu apenas "soluções adequadas" para estes moradores, avisando que "a crise habitacional é real em Portugal".

"Não estamos aqui porque queremos, ou porque aqui estamos bem, é porque não temos opções. Estas barracas aqui foram a nossa saída das ruas, para não ir para a rua com as crianças, mas não é porque queremos ou porque nos sentimos bem em viver numa barraca, toda a gente que ter um sítio digno para viver", alertou.

Criticando "os jogos" entre a autarquia e o IHRU, que afirmou que passam responsabilidades entre si, Rosana confessou que esta noite nenhum morador vai dormir descansado.

Atualmente, o bairro de Penajoia alberga cerca de 160 agregados, num total de 350 pessoas, entre as quais cerca de 60 crianças, seis bebés recém-nascidos, 17 adolescentes e mais de vinte pessoas idosas, doentes crónicos e mulheres grávidas, segundo um comunicado dos moradores e de associações e coletivos solidários.

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