Mariana Mortágua reagiu ao relatório da IGF sobre a venda da TAP considerando que a companhia aérea foi alvo de um "assalto" protagonizado por David Neelman. Este último, acusa, teve dois cúmplices: Maria Luís Albuquerque e Miguel Pinto Luz.
O relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) às contas da TAP concluiu que há suspeitas de crime na privatização da companhia aérea, que ocorreu em 2015, durante a gestão de David Neelman e Humberto Pedrosa, e recomendou o envio do documento ao Ministério Público (MP). Uma das conclusões indica que a TAP foi comprada com garantias da própria companhia aérea.
Mariana Mortágua considerou que o negócio se tratou de um assalto e defendeu que "quando um privado assalta uma empresa pública, como Neelman fez à TAP, esse privado está a assaltar o país".
Considerando que o negócio de privatização "foi tudo menos transparente", a coordenadora do Bloco de Esquerda apontou o dedo a dois responsáveis políticos, a quem chamou de "cúmplices" do empresário brasileiro-americano.
"Maria Luís Albuquerque era ministra das Finanças e teve conhecimento de todo este processo", afirmou, apontando ainda o nome de "Miguel Pinto Luz que era secretário-geral das Infraestruturas na altura" e a quem acusou de ter "apressado o negócio".
Mortágua acusou o atual ministro das Infraestruturas e da Habitação "de se esconder atrás do primeiro-ministro" e desafiou Luís Montenegro a tomar uma atitude em relação a este "ativo tóxico do Governo".
A bloquista lembrou, ainda, que "toda a venda [da TAP] pode ser inviabilizada porque violou" a lei.
O negócio da compra da TAP por David Neelman foi financiado com um empréstimo de 226 milhões de dólares feito pela Airbus, em troca da compra pela companhia aérea de 53 aviões à construtora aeronáutica europeia.
A garantia foi dada pela TAP, que ficou, assim, obrigada a pagar o valor emprestado a Neelman, se o empresário não comprasse os aviões. Desta forma, ficou provado que a TAP foi comprada com o dinheiro da TAP, usando um esquema que permitiu contornar o Código das Sociedades Comerciais, que impede a cedência de empréstimos ou fundos a um terceiro para que este adquira ações próprias.
[Notícia atualizada às 12h29]
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