Em declarações aos jornalistas após uma reunião com a Federação Nacional dos Médicos, no Porto, o líder socialista mostrou-se surpreendido com o anúncio feito hoje pelo Governo, considerando que traduz "um recuo" face às 87 mil casas previstas pelo anterior executivo socialista.
"As 26 mil casas eram financiadas pelo PRR a 100%, isso não quer dizer que eram as únicas casas financiadas pelo Estado. Aquilo que estava previsto na lei da nossa autoria, e que existe antes do PRR, já previa o financiamento da construção e reabilitação de casas para fazer face às necessidades de habitação com dignidade", indicou o dirigente socialista.
Segundo Pedro Nuno Santos, "quando o PS saiu do Governo estavam identificadas 87 mil famílias a viver em situação de indignidade (...) e julgo que até já seja superior a esse número. Sobre o anúncio, não há aqui nenhuma novidade, 26 mil casas iam ser financiadas a 100% e as remanescentes a uma percentagem inferior (...) pelo que o Governo anterior já tinha previsto até 87 mil casas."
Ainda sobre o tema, o dirigente do PS assinalou que "O 1.º Direito é um programa destinado às famílias carenciadas (...), mas o problema da habitação, infelizmente, já é sentido para lá das famílias carenciadas, é sentido pela classe média", acusando o Governo de "não ter dito nada" sobre o assunto quando é preciso "também de construir casas para a classe média".
"A habitação pública tem de ultrapassar o paradigma de estar reduzida apenas à habitação social ou à população carenciada", defendeu Pedro Nuno Santos.
O Ministério das Infraestruturas e Habitação anunciou hoje que prevê "mais do que duplicar a oferta pública de habitação" no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), subindo a fasquia da construção para as 58.993 casas até 2030.
Leia Também: Pedro Nuno defende que "lei da eutanásia é para cumprir" e pede regulamentação