Ana Gomes considerou, no domingo, que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, acabou por "pôr a viola no saco em relação" ao IRS Jovem, considerando que "já valeu a pena" que a oposição, especificamente Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, tenha apontando o que acha "mal".
No seu habitual espaço de comentário, na SIC Notícias, a antiga diplomata criticou aqueles que gostam de "dramatizar" em torno do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), "como se não fosse natural, em Democracia, que houvesse negociação e que a oposição diga, de sua justiça, o que acha mal".
"E já valeu a pena. Aquilo que Pedro Nuno Santos disse sobre o IRS Jovem que o Governo propunha já valeu a pena. Aliás, era secundado por criticas do FMI, das Finanças Públicas (...) E o próprio primeiro-ministro acabou por pôr a viola no saco em relação a esse IRS Jovem - que era completamente injusto e até inconstitucional e ineficaz - e aceitou trabalhar na base do IRS Jovem que já vem do anterior Governo", realçou.
Ana Gomes admitiu que "o Governo fez uma cedência em toda a linha" e "isso deve ser reconhecido".
"Foi de bom senso a cedência de montanha que fez o primeiro-ministro e, portanto, deve-se chegar a um entendimento. Não me parece que haja quem quer que beneficie com eleições neste contexto", notou, numa referência ao facto de o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, ter afirmado que o "Governo moveu uma montanha" nestas negociações.
Sublinhe-se que, na sexta-feira à noite, o líder do PS apresentou ao país a contraproposta dos socialistas à que tinham recebido, na véspera, do Governo, tendo considerado que o país está no "caminho da viabilização" do Orçamento do Estado.
O PS está disponível para acolher a proposta do Governo para o IRS Jovem, mas quer uma redução de benefício de 13 para sete anos. A matéria em que há maior divergência é quanto ao IRC, avisando Pedro Nuno Santos que uma redução para 17% "nunca terá o apoio do PS".
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