Sem acordo no OE, houve RTP, Belém e... candidatos? Que disse Pedro Nuno

Pedro Nuno Santos deu uma entrevista à CNN Portugal na qual falou das negociações com o Governo em relação à proposta do OE para 2025, do plano dos media apresentado esta semana e da TAP. Para além destes temas, o líder da oposição falou também em muitos nomes - tanto para as Presidenciais como para as Autárquicas.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Teresa Banha
09/10/2024 20:47 ‧ 09/10/2024 por Teresa Banha

Política

Pedro Nuno Santos

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, deu, esta quarta-feira, uma entrevista, na qual falou das negociações para o Orçamento do Estado para 2025, cuja proposta será entregue já esta quinta-feira. Para além do documento, houve outros temas - e alguns nomes em cima da mesa.

 

"Como todos sabem, o Governo e o Partido Socialista não chegaram a acordo, o que quer dizer que, neste momento, resta-nos esperar por conhecer o Orçamento do Estado e fazermos a nossa avaliação. No momento certo, apresentei uma proposta à Comissão Política Nacional", começou por dizer, em entrevista à CNN Portugal.

Questionado sobre se já tem uma "vontade" em relação à aprovação documento, Pedro Nuno Santos reforçou que precisa de conhecer o acordo. "A minha vontade depende, desde logo, de conhecer o Orçamento do Estado e depois apresentar à Comissão Política Nacional", repetiu, apontando que ainda há tempo para determinar o sentido de voto: "Não há nenhuma razão para que o façamos já".

"A minha vontade depende de conhecer o Orçamento"

O secretário-geral do PS afirmou hoje que, uma vez que as negociações com o Governo terminaram sem acordo, a sua decisão em relação ao Orçamento do Estado depende de conhecer a proposta, que será apresentada à Comissão Política Nacional do partido.

Lusa | 21:05 - 09/10/2024

O líder socialista rejeitou que não saber o sentido de voto do PS neste momento seja um sinal de fragilidade, e recordou que a negociação que aconteceu com o Executivo foi infrutífera: "Não há drama sobre isso, faz parte da nossa democracia".

"Recuando" até ao IRS Jovem e ao IRC: As 'linhas vermelhas'

Mais concretamente em relação às propostas que o PS definiu como 'linhas vermelhas', e onde em parte o Governo cedeu, Pedro Nuno Santos afirmou: "O que nos distancia do Governo é muito mais do que estas medidas que foram discutidas".

Houve recuos da parte do Governo, e também da nossa parte. Não considero que esses recuos tenham sido suficientemente satisfatórios para a avaliação que fazemos nos levar a fazer acordo

Sublinhando que poderia ter elencado mais medidas noutras áreas, da habitação à saúde, o socialista explicou a "intenção" do PS. "Não nos quisemos substituir ao Governo na elaboração do Orçamento do Estado".

"Houve recuos da parte do Governo, e também da nossa parte. Não considero que esses recuos tenham sido suficientemente satisfatórios para a avaliação que fazemos nos levar a fazer acordo", apontou.

Em relação ao IRS Jovem, Pedro Nuno Santos avaliou: "O Governo teve uma derrota ainda antes de começar a negociação connosco. O Governo percebeu que a medida era errada e não era aceite pela sociedade portuguesa".

Partido Socialista não quer eleições. Por isso devemos trabalhar para que essas eleições sejam evitadas - não a todo o custo, não a todo o preço

Não garante 'luz verde' no OE, mas garante que não quer ir a votos

Acerca da eventualidade de o país voltar a ir a votos, perante uma crise política, o secretário-geral socialista disse: "Acho que todos compreendemos e todos os portugueses compreendem que o Partido Socialista não quer eleições. Por isso devemos trabalhar para que essas eleições sejam evitadas - não a todo o custo, não a todo o preço".

Sobro um eventual medo de ir a votos, Pedro Nuno Santos vincou ainda que caso a decisão do PS "fosse norteada exclusivamente pelo medo de eleições", já tinha dito que "viabilizava o Orçamento há muito tempo".

Pedro Nuno diz que se fosse por medo eleitoral já teria

Pedro Nuno diz que se fosse por medo eleitoral já teria "viabilizado OE"

O líder socialista afirmou hoje que se a decisão do PS sobre o Orçamento do Estado para 2025 dependesse exclusivamente do medo de eleições, já teria dito há muito tempo que viabilizaria a proposta do Governo.

Lusa | 22:06 - 09/10/2024

Da Função Pública... à estação pública

Em relação à Função Pública, Pedro Nuno Santos lembrou que foram nos anos de governação socialista que se descongelaram carreiras. "O PS tinha vindo a fazer esse trabalho, o mandato do PS foi interrompido. Muitas destas medidas só são possíveis porque o PS fez uma gestão das contas públicas que o tornam possível", defendeu. 

Já questionado sobre o plano para a comunicação social anunciado esta semana pelo Governo, Pedro Nuno Santos deixou críticas: "Aquilo que o Governo quer fazer na RTP é de uma gravidade tremenda. Porque é uma mudança importante no regime comunicacional que temos no país. Só vejo dois destinos ou objetivos: ou forçar uma privatização a prazo da RTP ou condená-la à irrelevância".

Pedro Nuno vincou que a RTP é a estação que assegura a pluralidade política em Portugal - mais do que os canais privados -, e daí o seu papel "determinante".

Fim da publicidade (e não só). As medidas do plano de ação para os media

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A criação de um Código do setor, o fim da publicidade na televisão pública e a bonificação em 50% das assinaturas digitais são algumas das medidas que integram o Plano de Ação do Governo para a Comunicação Social.

 Notícias ao Minuto com Lusa | 13:35 - 08/10/2024

Também a TAP foi assunto em cima da mesa e, confrontado sobre se sentia limitado na sua capacidade crítica em relação à privatização após a injeção de 3,2 mil milhões de euros, Pedro Nuno santos rejeitou-o. "Não, nós contestamos a privatização da maioria do capital da TAP", atirou, acrescentando que não acreditava que a privatização da companhia área portuguesa fizesse parte do OE: "Se estiver no Orçamento é porque o Governo não quer viabilizar o Orçamento".

A ida a votos. De Belém às autarquias

A corrida a Belém foi também abordada, com o secretário-geral do Partido Socialista a sublinhar que o PS tem "obrigação" de apresentar um bom candidato e aquele que escolher avançar terá o apoio do partido "de forma inequívoca, sem hesitações e sem dúvidas".

Houve muitos socialistas que apoiaram o atual Presidente da República. Eu não fui um deles

'Recuando' de 2026, quando se realizam as eleições, a 2024, Pedro Nuno Santos foi também confrontando sobre o trabalho do atual chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.

Dizendo que a sua relação institucional com Marcelo Rebelo de Sousa era "ótima", foi assertivo: "Houve muitos socialistas que apoiaram o atual Presidente da República. Eu não fui um deles - nem da primeira, nem da segunda. Estou à vontade desse ponto de vista. Houve várias decisões que o Presidente da República tomou que eu discordo profundamente. E isso afasta-me dele".

E nomes?

Um dia depois de o primeiro-ministro, Luís Montenegro, dizer que Luís Marques Mendes "encaixa no perfil" de candidato às Presidenciais com apoio do Partido Social Democrata, foi a vez de Pedro Nuno lançar nomes do lado socialista, mas não sem antes voltar ao 'tema' dos media, lançando farpas: "Está a ver? Não temos nenhum candidato presidência com comentário semanal sem contraditório. É uma desvantagem".

Da parte do PS, "Mário Centeno, como outros nomes que se têm falado, é um nome bom e com qualidade política e relação com as pessoas". Mas Pedro Nuno não ficou pelo atual governador do Banco de Portugal, que pode não estar disponível para candidato. "Mário Centeno é um bom candidato, mas temos outros nomes que são bons candidatos: Augusto Santos Silva, António Vitorino, António José Seguro, Ana Gomes", elaborou.

Centeno é

Centeno é "bom candidato" a Belém (mas há "muitos outros nomes")

O secretário-geral do PS considerou hoje que o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, seria um "bom candidato" a Presidente da República, mas que António José Seguro, António Vitorino ou Ana Gomes também são outros bons nomes.

Lusa | 22:40 - 09/10/2024

Antes das Presidenciais, estão agendadas no calendário dos portugueses as Eleições Autárquicas, em 2025, tema também abordado. Quanto a candidatos para as principais câmaras municipais do país, afirmou que o PS estava agora "no processo de decisão interna e a pouco prazo" haverá decisões tomadas.

"Não quero falar de nomes em particular, mas, obviamente, que Lisboa, Porto, bem como grande parte das capitais de distrito, serão importantes para nós. O PS quer ganhar as autárquicas, ter a maioria das autarquias, a maioria dos votos nas eleições autárquicas. Depois, há outras camadas de objetivos", asseverou quando questionado sobre se Alexandra Leitão seria um bom nome para a capital. Perante a insistência, confessou: "Não tenho a menor dúvida. Não é o único [bom nome]".

Já para o Porto, o secretário-geral disse que também havia "várias opções", quando perguntado sobre se a escolha estava entre José Luís Carneiro ou Manuel Pizarro, antigos ministros da Administração Interna e da Saúde, respetivamente. "São dois dirigentes do PS de grande qualidade, com reconhecido mérito na cidade do Porto. Não tenho dúvidas de que qualquer um deles venceria, ou pode vencer".

De recordar que é na quinta-feira que o Governo vai entregar a proposta de Orçamento do Estado para 2025 na Assembleia da República, tendo já o primeiro-ministro dito que tem a convicção de que este terá 'luz verde'. A proposta já se encontra fechada.

[Notícia atualizada às 22h22]

Leia Também: OE "fechado", a 'reforma' e o apoio para Belém. Que disse Montenegro?

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