BE pede voto contra a eleição da candidata proposta pelo PSD para o TC

O Bloco de Esquerda lançou hoje um apelo para que os deputados que defendem a interrupção voluntária da gravidez votem contra a eleição da candidata proposta pelo PSD, Maria João Vaz Tomé, para o Tribunal Constitucional (TC).

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© Gerardo Santos / Global Imagens

Lusa
17/10/2024 18:21 ‧ 17/10/2024 por Lusa

Política

Bloco de Esquerda

A eleição na Assembleia da República da nova juíza do TC está marcada para sexta-feira e requer uma maioria de dois terços dos deputados, o que, na prática, implica um acordo entre o PSD e o PS.

 

Juíza conselheira do Supremo Tribunal de Justiça desde 2018 e com longa carreira na Faculdade de Direito da Universidade Católica do Porto, Maria João Vaz Tomé foi indicada pelo PSD para substituir no TC José Teles Pereira, que terminou o seu mandato em julho passado.

Na audição de hoje, em sede de Comissão de Assuntos Constitucionais, a candidata proposta pelo PSD foi questionada pelo líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo, e pela deputada socialista Isabel Moreira sobre a questão do aborto em Portugal.

No final dessa audição, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda escreveu na rede social X (antigo Twitter) que, para Maria João Vaz Tomé, "o aborto é uma questão polémica e divisiva, dando por certo que voltará a ser apreciada pelo Tribunal".

"A eleição é amanhã [sexta-feira]. Todos quantos defendemos a autodeterminação das mulheres devemos rejeitar a sua eleição", escreveu Fabian Figueiredo.

Também a deputada do Bloco de Esquerda Joana Mortágua, pôs um vídeo na rede social Instagram em que pede o voto contra a eleição de Maria João Vaz Tomé pelas suas posições em matéria de aborto.

Na parte final da audição em sede de Comissão de Assuntos Constitucionais, a juíza conselheira do Supremo admitiu -- ou seja, não deu como certo - que um eventual alargamento do atual prazo de dez semanas para a prática da interrupção voluntária da gravidez possa ser objeto de apreciação por parte do TC. O PS quer alargar o prazo para as 12 semanas e o Bloco de Esquerda para as 14 semanas.

A candidata ao TC referiu-se a estes dois projetos sobre interrupção voluntária da gravidez dizendo que, tal como na questão da eutanásia, se está perante um tema que continua a não ser pacífico na sociedade portuguesa.

"Na minha perspetiva, há um conflito entre a vida intrauterina e o direito da mulher, desde logo, a dispor do seu corpo. Portanto, reconheço a vida intrauterina e acho que há um conflito com essa vida. Acredito que se for para a frente essa extensão do período em que se não seja punida a interrupção voluntária da gravidez, isto regresse ao TC", declarou.

Leia Também: PS e BE questionam candidata ao TC sobre aborto e propriedade privada

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