O líder parlamentar do Partido Social Democrata (PSD), Hugo Soares, criticou, esta segunda-feira, o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, pelos seus comentários sobre a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, defendendo que o Governo "não tem nenhum problema na equipa".
"Pedro Nuno Santos não deve atirar atoardas para o ar como se estivesse carregado de razão. Ele próprio foi problema de uma equipa, ele próprio teve problemas na sua equipa. Este Governo não tem nenhum problema na equipa", atirou o social-democrata, em declarações aos jornalistas, em Lisboa, depois de o líder socialista ter afirmado que a ministra da Administração Interna já mostrou em diferentes momentos a "inaptidão para as funções".
Interrogado sobre se o PSD reconhece algumas dificuldades de comunicação na governante, tal como tem sido apontado por alguns agentes políticos, Hugo Soares fez questão de realçar o acordo alcançado entre Margarida Blasco e os elementos da PSP e GNR sobre o suplemento de risco.
"Não sei, não faço ideia se há algum problema de comunicação, ou não, com a senhora ministra da Administração Interna, o que eu sei é que foi esta ministra da Administração Interna que resolveu os problemas que o anterior Governo, o Governo do Dr. Pedro Nuno Santos, não foi capaz de resolver. Esta ministra foi a ministra que acabou com a injustiça, com a iniquidade que havia entre a diferença do subsídio de risco da Polícia Judiciária e das forças de segurança", sublinhou, referindo ainda que é "adepto de membros de governo que façam, que mudem a vida as pessoas".
O que poderia ou não fragilizar a senhora ministra era ela não executar o Programa do Governo
Confrontado com as declarações da ministra da Administração Interna sobre direito à greve nas polícias, que motivou um esclarecimento horas depois do próprio Ministério a dizer que, afinal, esse tema não fará parte das negociações, Hugo Soares desvalorizou, remetendo para o programa do Governo.
"O que eu sei é que a ministra manteve aquilo que está no Programa do Governo e aquilo que é a palavra do Governo. O Governo fala pela voz do primeiro-ministro, dos seus ministros, mas, acima de tudo, o Governo cumpre o Programa do Governo. E o Programa do Governo é o que vale, é o que valerá sempre no contrato de confiança que estabelecemos com os eleitores portugueses", afirmou.
"O PSD diz aos portugueses que, aquilo que vai ser cumprido, o pacto de confiança com os portugueses é o que está no programa eleitoral. E o que está no programa eleitoral é aquilo que a senhora ministra teve ocasião de dizer, ontem, em nome do Governo, num comunicado que emitiu. É isso que interessa, é isso que importa", insistiu, frisando, novamente, "o trabalho" que Margarida Blasco "tem tido a resolver os problemas das vidas das pessoas".
Questionado sobre se este tipo de situação não fragiliza a governante, o líder parlamentar do PSD recusou. "O que poderia ou não fragilizar a senhora ministra era ela não executar o Programa do Governo", completou.
Recorde-se que o Ministério da Administração Interna esclareceu no domingo que a discussão do direito à greve na polícia não fará parte das negociações previstas para janeiro com as associações sindicais, após as declarações da ministra Margarida Blasco.
No encerramento do congresso da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) Margarida Blasco tinha afirmado: "Vamos começar no dia 6 de janeiro um conjunto de revisões e é um ponto que pode estar e estará, com certeza, em cima da mesa. Neste momento não vou dizer se sim ou se não, porque vai ter de ser submetido a um estudo", quando questionada pelos jornalistas sobre se estava disposta a conceder o direito à greve aos polícias.
Contudo, horas depois, um esclarecimento do Ministério da Administração Interna enviado às redações refere que "a posição do Governo é clara: nesse diálogo pode ser discutida a representação laboral e os direitos sindicais. Mas não o direito à greve".
No final do congresso, que decorreu em Lisboa, a questão do reconhecimento do direito à greve na polícia foi abordada pelo presidente da ASPP/PSP, Paulo Santos, que destacou que esse ponto é há muito tempo reivindicado pelos sindicatos e manifestou mesmo a sua satisfação pela abertura demonstrada pela ministra.
[Notícia atualizada às 20h07]
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