Polícias? PS fala em "instrumentalização" para "propaganda pessoal"

Pedro Nuno Santos acusou o primeiro-ministro de "instrumentalizar" a ação e imagem das forças de segurança para "benefício da propaganda pessoal".

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
28/11/2024 12:37 ‧ há 2 horas por Notícias ao Minuto com Lusa

Política

Pedro Nuno Santos

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, acusou, esta quinta-feira, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, de "instrumentalizar" as forças de segurança para "benefício da propaganda pessoal".

 

Em causa está o facto de Luís Montenegro ter anunciado, em pleno horário nobre na quarta-feira, em São Bento, que o Governo vai aprovar uma autorização de despesa de mais de 20 milhões de euros para a aquisição de mais de 600 veículos para a Polícia de Segurança Pública (PSP) e par a Guarda Nacional Republicana (GNR).

"O que assistimos ontem foi uma instrumentalização da imagem e dos resultados da investigação e das operações das forças de segurança", começou por afirmar Pedro Nuno Santos, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

"Um primeiro-ministro e um Governo têm de permitir as condições e os meios para que as forças de segurança façam bem o seu trabalho e não instrumentalizar a ação e a imagem das forças de segurança para benefício da propaganda pessoal, que foi aquilo a que nós assistimos ontem", atirou.

O socialista lembrou que "noutros momentos importantes ou mais importantes", o país "não teve direito a uma declaração tão solene do senhor primeiro-ministro". 

"Não tivemos uma declaração do senhor primeiro-ministro aquando dos tumultos na Área Metropolitana de Lisboa. Não tivemos uma declaração do senhor primeiro-ministro aquando a crise do INEM e das 11 mortes que ocorreram durante essa crise", atirou, acrescentando que Luís Montenegro tentou agora "apropriar-se de resultados que são de instituições e identidades muito importantes e que fazem um bom trabalho com meios providenciados não por este Governo, mas por governos anteriores".

Para Pedro Nuno Santos, a declaração de ontem do primeiro-ministro foi "também usada para desviar a atenção de outros temas". "Serve para discutirmos um tema e, ao mesmo tempo, deixarmos de discutir outras questões muito importantes para o país", ressalvou.

Perante os jornalistas, o líder socialista considerou que o tema da segurança "é demasiado importante para ser tratado da forma como foi pelo primeiro-ministro".

"Foi uma declaração de alguém que quer alimentar uma perceção de insegurança, prendendo cavalgar essa onda. Ora, um primeiro-ministro não alimenta perceções. Deve é antes executar políticas para resolver os problemas das pessoas. Um primeiro-ministro não é diretor da PSP, da PJ ou [comandante] da GNR", observou o secretário-geral do PS.

Em contraponto, de acordo com o secretário-geral do PS, "ainda recentemente houve declarações do primeiro-ministro a desvalorizar a perceção sobre a violência doméstica - esse um crime grave, um dos crimes que mais mata em Portugal".

"Aí, não tivemos direito ao peso e à solenidade da intervenção de um primeiro-ministro sobre o tema", rematou.

Na perspetiva do secretário-geral do PS, "um primeiro-ministro tem de revelar em cada momento sentido de Estado, sobretudo perante um tema com a dimensão da segurança".

"Mas não foi isso a que nós assistimos ontem [quarta-feira]. A declaração só não foi promotora de alarme social porque foi ridícula desse ponto de vista", sustentou.

Neste contexto, Pedro Nuno Santos advertiu ainda que as intervenções ao país dos líderes do executivo não devem ser "banalizadas".

"Ficámos todos em suspenso face ao que seria a razão da declaração e depois temos um primeiro-ministro a anunciar uma medida que já estava decidida desde fevereiro deste ano. Mas, muito mais grave, pretender apropriar-se da ação, da imagem das forças de segurança para benefício da sua propaganda pessoal.

Sublinhe-se que, na quarta-feira, o primeiro-ministro anunciou que o Governo vai aprovar hoje em Conselho de Ministros uma autorização de despesa de mais de 20 milhões de euros para a aquisição de mais de 600 veículos para PSP e GNR.

Luís Montenegro falava aos jornalistas no final de uma reunião de cerca de uma hora com a ministra da Justiça, Rita Júdice, a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, o diretor nacional da Polícia Judiciária, o comandante-geral da GNR, o diretor nacional da PSP e o secretário-geral adjunto do Sistema de Segurança Interna.

"Tenho reiteradamente dito que Portugal é um pais seguro, é mesmo um dos países mais seguros do mundo, mas este contexto tem de ser trabalhado e alcançado todos os dias", defendeu.

[Notícia atualizada às 14h08]

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